E agora Brasil?

Com a pandemia, as nossas escolas estão fechadas. Impossibilitados de terem aulas presenciais, os estudos estão sendo feitos em casa de forma online. Os alunos estão tendo aulas à distância. Os professores estão fazendo de tudo para conseguir fazer com que os alunos possam desenvolver seus estudos. Este estudo está sendo feito através das plataformas digitais que os alunos acessam do jeito que podem, em suas casas. Entretanto, uma grande parte destes alunos não consegue fazer o acesso, pois não dispõem das ferramentas necessárias. O que fazer agora? E agora Brasil! O Brasil está preparado para o ensino remoto? Este estudo vai ser reconhecido posteriormente para fins de fechamento do ano letivo? Os alunos vão perder o ano letivo?

Segundo dados da Agência Brasil, no Brasil, 4,8 milhões de crianças e adolescentes, na faixa de 9 a 17 anos, não têm acesso à internet em casa. Eles correspondem a 17% de todos os brasileiros nessa faixa etária. Estes dados foram divulgados pela UNICEF – Fundo das Nações Unidas para a Infância. Uma situação preocupante, pois com a pandemia, fez realçar ainda mais uma triste realidade dos estudantes brasileiros no que diz respeito às ferramentas digitais e o acesso a internet. Bem que os estudantes procuram outras formas de acesso à internet, todavia, com a necessidade do isolamento social, aqueles locais que os estudantes recorriam, não estão sendo permitido se fazer.

Portanto, um número considerável de crianças, está sem acesso às aulas online e a outros conteúdos da internet que lhes garanta a continuidade do seu aprendizado. Evidente que esta descontinuidade dos estudos, vai ter um impacto na vida destes estudantes. Alguma coisa precisa ser feita, para que estes estudantes tenham acesso a algum tipo de aprendizagem, sob o risco de causar um dano terrível à nossa educação, que já vinha apresentando sérios problemas no que diz respeito à aprendizagem. Isso sem mencionar as dificuldades de alguns professores quanto ao domínio das ferramentas digitais. Neste sentido, os alunos estão bem mais avançados que muitos dos professores.

É muito cedo ainda para se fazer qualquer tipo de prognóstico quanto ao nosso futuro. Ainda mais que a nossa curva de contaminação, está em acessão. Desta forma foi necessário, estender um pouco mais a nossa quarentena. Desta forma, é muito provável que as aulas só retornem lá pelo mês de agosto ou setembro. Até lá, algumas iniciativas precisam ser pensadas pelos gestores públicos, como forma de garantir que os alunos não sejam ainda mais prejudicados nos seus estudos. Certo é que, a continuar da forma como está, este ano letivo não será reconhecido pelas autoridades da educação no nosso país.

Nelson Mandela tem uma frase que diz que “A educação é a arma mais poderosa que você pode usar para mudar o mundo.” Nestes tempos, em que alguns países já se preparam para o pós-pandemia, muitos deles estão apostando de maneira muito séria na educação, como forma de vencer os efeitos consequentes da pandemia, seja no campo da Saúde, seja nas questões econômicas e também no que tange aos problemas sociais. E estão fazendo certo, pois a educação possui o instrumental que possibilita alavancar estas transformações as quais o líder sul africano menciona.

Em situação pior ficaram os alunos da rede publica estadual do Estado de Mato Grosso. Além das dificuldades apresentadas acima, grande parte de seus professores são interinos e que, portanto, por decisão do governo estadual, não fez os seus contratos no tempo devido, e estes profissionais estão sem receber salários, desde o início do ano de 2020. Sem salário e sem trabalho e os alunos desassistidos por tais professores. Mas esse é o Brasil que nós temos, que não valoriza seus profissionais de educação adequadamente. De saber que todas as profissões passam pelas mãos dos professores. Definitivamente, vamos sair da pandemia com um enorme fosso entre uma educação de qualidade e a realidade ora enfrentada pelos alunos em tempos de pandemia. (Chico Machado)