De todos os santos que temos na História da Igreja, sem dúvida, São Francisco de Assis é de todos o mais conhecido deles. O mais simpático também. Além da sua vida, que serve de inspiração para muitos cristãos ou não, ele teve uma predileção especial pela natureza, flor e fauna. É muito comum ver imagens/cenas em que ele está envolvido com algum animal, numa relação de proximidade e de respeito. Falar de ecologia é falar de São Francisco de Assis, que, alem de romper com uma estrutura de sociedade da sua época, aproximou-se de todas as criaturas, chamando-as de irmãs e vendo-as como integrantes deste grande planeta ao qual estamos todos dentro dele. “Louvado sejas, meu Senhor, pela nossa irmã, a mãe Terra”, dizia ele.
Para alguns estudiosos, o Papa Francisco foi muito feliz quando atribuiu a si o nome de Papa Francisco, numa clara homenagem a este santo tão querido, contrariando toda uma lógica que vinha prevalecendo antes dele. E tratou de dar uma direção ao seu pontificado, e, mesmo sendo um jesuíta, assume o espírito franciscano, retomando a opção preferencial pelos pobres, recitada em versos e prosas pela Teologia da Libertação, mas que ficou esquecida e estagnada lá atrás, por muitos prelados de nossa igreja.
Todavia, o que eu gostaria de retomar neste papa que tem sido uma das maiores lideranças mundiais, com o seu jeito Francisco de ser, trazendo inovações extremamente pertinentes para os rumos de uma IGREJA EM SAÍDA, como ele mesmo fala. E um dos temas que tem ocupado grande parte de sua agenda é a ECOLOGIA INTEGRAL. Termo que aparece por primeiro na Encíclica de sua autoria Laudato sì (LS), onde ele usa o termo “ECOLOGIA” não com a significação genérica, romântica e superficial, mas e desenvolve a ideia da “ECOLOGIA INTEGRAL”, dando um sentido mais amplo, dinâmico e profundo de entendimento.
Evidentemente que quando o papa Francisco, propõe a ecologia, ele entende que esta não deve ser associada tão somente a temas como a derrubada de florestas, queimadas, a extinção de animais e a poluição do ar, mas também às múltiplas outras consequências do modelo sócio-político-econômico implantado, que levou o planeta ao estado atual de degradação social e ambiental. Esta situação clama à Deus por uma nova ordem mundial. Em que saibamos lidar com o planeta de forma mais respeitoso equilibrada. Ou mudamos o nosso jeito de ser, as nossas atitudes e a dos governos, ou iremos todos perecer no caos que vai se transformar o nosso viver.
É importante salientar que esta ideia de ECOLOGIA INTEGRAL proposta pelo pontífice, está associada ao processo de construção do OIKOS, termo grego, para designar a casa, morada, ambiente comum. A CASA COMUM. Neste sentido, a inovação trazida pelo papa Francisco é a de que, nesta casa comum, “tudo está interligado,” ou seja, tudo está num0a inter-relação, “tudo coligado,” “tudo está conectado.” Tudo está interligado. Interligação está que o cantor e compositor Cireneu Kuhn, belamente nos trás no refrão de uma de suas canções, que cantamos tanto em nossas comunidades, por ocasião do Sínodo da Amazônia: “TUDO ESTÁ INTERLIGADO COMO SE FÔSSEMOS UM TUDO ESTÁ INTERLIGADO NESTA CASA COMUM.”
Podemos assim dizer que o nosso novo viver, a nossa nova relação que teremos que inaugurar em relação à CASA COMUM, deverá ser pautada pelo paradigma da ECOLOGIA INTEGRAL, em que as dinâmicas sociais e institucionais em todos os níveis estejam todas envolvidas como afirma o Papa: “Se tudo está em relação, também o estado de saúde das instituições de uma sociedade comporta consequências para o ambiente e para a qualidade da vida humana […] Em tal sentido, a ecologia social é necessariamente institucional e atinge progressivamente diversas dimensões que vão do grupo social primário, a família, até a vida internacional, passando pela comunidade local e a Nação” (LS, 142). – Laudato Si 24 de maio de 2015