Iniciando a quarta-feira (04) mais aliviado. Submeti mais uma vez ao teste para a Covid-19. Felizmente, o resultado foi negativo. Aqueles sintomas que achava que estava sentindo, veio por conta do estado emocional. De tanto conviver com pessoas positivadas, você acaba achando que também está com dita cuja. O teste que não é nada agradável. Pensa numa coisa cruel este tal de PCR. Trata-se de uma técnica que consiste na coleta do material genético do vírus na secreção da garganta (orofaringe) e do nariz (nasofaringe). Misericórdia! Ninguém merece! Escarafuncha o cérebro.
Enfim, vida que segue! Cá estamos nós na caminhada, sem saber o que nos aguarda num futuro próximo. No dia de hoje, fazemos memória, de um dos personagens da História do Brasil. Estamos falando de Carlos Marighella, este baiano arretado de Salvador (BA) que foi assassinado a tiros, há 51 anos (1969), por agentes do Departamento de Ordem Política e Social (Dops). Mariguella, político, escritor e guerrilheiro, e um dos principais organizadores da luta armada contra a ditadura militar brasileira (1964–1985). Chegou a ser considerado o inimigo “número um” do regime militar à época. Foi ele também um dos fundadores da Ação Libertadora Nacional (ALN), organização de caráter revolucionário.
Frei Betto, frade Dominicano, foi quem introduziu Carlos Marighella em minha vida. Estando eu no quarto ano do curso de filosofia (1982), tive a grata felicidade de ler “Batismo de Sangue”, em que o escritor, nesta obra, apresenta o perfil político de Marighella, narrando inclusive os episódios em torno de sua morte. Uma publicação necessária para aqueles que quiserem conhecer o que aconteceu por aqui no Brasil, durante os anos de chumbo da Ditadura militar. Mariguella, jovem sonhador, cantado em prosa e verso, como na canção de Mano Brown: “Mártir, mito ou maldito sonhador/Bandido da minha cor/ Um novo messias”.
Enquanto vou aqui escrevendo estas linhas, acompanhamos a repercussão do estupro da catarinense Mariana Ferrer, pelo empresário André de Camargo Aranha, segundo a influenciadora digital. Mas o que mais chama a atenção neste caso é que, pela primeira vez, aparece no judiciário brasileiro o crime de “estupro culposo”, ou seja, quando não a intenção de estuprar a vítima. Somente o judiciário brasileiro para sair com estas pérolas. Eu não sei se fico com vergonha, diante de tal efeméride, ou se fico com pena destes ilustríssimos senhores de toga.
A outra notícia que está também criando grande repercussão é a da pressão de alguns governantes, para o retorno às aulas presenciais. Alguns dos nossos iluminados governantes, em nome das suas “ciências”, entendem que agora é o momento das escolas voltarem à “Normalidade”. Em sendo eu pai de aluno, jamais deixaria que o meu filho voltasse à uma sala de aula no atual momento. Mas de jeito nenhum! Perderia o ano letivo e não a vida. Com as estruturas das escolas que conheço, sem nenhuma condição de realizar tais aulas com segurança que o protocolo exige, nem pensar.
Mas a nossa educação é assim mesmo. Nossa educação vai muito mal! Não por causa dos profissionais da educação, que atuam nas escolas, mas porque, não existe seriedade na gestão da educação no país, a começar do órgão central, que é o Ministério da Educação e Cultura (MEC). Pra se ter uma ideia, num ranking de 76 países avaliados, o Brasil figura na posição de número 60º, segundo dados informados pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Que tristeza saber que o nosso país ocupa posição tão distante, no que diz respeito a uma educação de qualidade.
Educação no Brasil não é investimento, mas gasto. Os nossos gestores públicos, que estão a serviço de uma economia de mercado, favorecendo aos interesses econômicos dos banqueiros e grandes capitalistas, não vêem a educação como uma prioridade a receber vasto investimento. Com esta atitude, compromete o futuro da nação, deixando de investir, nas pessoas que estão dentro das salas de aulas da rede publica de educação. Nossa educação continua sendo elitista, formando os quadros das famílias mais abastadas da elite burguesa, que estão nas redes privadas de ensino, em detrimento do não investimento nas escolas frequentadas pelos filhos das famílias mais carentes das periferias.
Um país que não investe em educação é um país sem futuro! A educação não é vista como um projeto de futuro, de cabeças pensantes, que venham gerir os nossos destinos. Ao contrário, quanto menos cabeças pensantes tivermos, mais fácil será governar e manipular as pessoas, com informações inverídicas, as quais, tais pessoas, não terão condições de fazer um discernimento correto. Mas fazer o que, num país em que o professor, a professora, são chamados de tio e tia e qualquer mequetrefe, que se coloca na condição de Técnico de Futebol, é chamado de “professor”, o que esperar deste país? Isso sem falar nos bacharéis em Direito que, ao serem aprovados no Exame da Ordem, saem por auto intitulando-se “doutores”. Inversão total de valores e de ideias. Que saudades de um Anísio Teixeira, de um Darcy Ribeiro, de um Paulo Freire e de um Rubem Alves!