“Em Ti, todos os povos serão abençoados” (Gn 12,3)

Reflexão litúrgica: Quinta-feira, 06/07/2023
13ª Semana do Tempo Comum

 Na Liturgia desta quinta-feira da XIII Semana do Tempo Comum, vemos, na 1a Leitura (Gn 22,1-19), que Deus não quer sacrifícios humanos e, por isso, intervém, impedindo que Abraão sacrifique o próprio filho. Abraão compreende que a vida precisa ser protegida a qualquer custo. O sacrifício de Isaac, seu filho, corresponderia à anulação do projeto de vida de Deus. Sacrifícios humanos, tanto ontem como hoje, são inadmissíveis, Deus nos chama para sermos construtores de vida e não artífices da morte.

Estejamos atentos ao seguinte:

1º) Deus chama Abraão e nos chama, também, hoje. Abraão escuta e responde: “Aqui estou”, sem colocar condições e objeções;

2º) “Deus pôs Abraão à prova”, sem avisar, pede para renunciar ao passado (“Deixa tua terra”) e sacrificar o futuro (Isaac, sua segurança). Os cananeus sacrificavam crianças aos deuses. Abraão viveu um dilema: seguir os costumes dos cananeus, matar o primogênito para ter a bênção dos deuses, ou crer no Deus da promessa. Abraão sabe que Deus não quer a morte, Deus não quer sacrifícios humanos;

3º) Numa atitude de fé, diante do mistério, Abraão obedece. Isaac pergunta onde está o essencial, a vítima a ser imolada. Abraão se cala e pensa: Deus providenciará, Deus é maior do que os laços de sangue. Após a intervenção de Deus, Abraão “viu um carneiro preso num espinheiro… e ofereceu-o em holocausto no lugar do seu filho”. Na Lei estava que todo primogênito deveria ser resgatado (Ex 34, 19-20);

4º) Pela atitude de fé de Abraão, toda a humanidade ganha: “Em ti, todos os povos serão abençoados”.

No Evangelho (Mt 9,1-8), vemos que a ação de Jesus está a serviço da libertação integral do ser humano. Jesus cura e salva para mostrar a profundidade da intervenção de Deus na vida dos seres humanos, para fazê-los livres e responsáveis. O paralítico que Jesus cura, neste Evangelho, é a humanidade inteira, são todos os necessitados, isto é, todos aqueles que são incapazes de caminhar com suas próprias forças. Depois do encontro com Jesus, a pessoa se torna livre, se torna uma pessoa nova. A comunidade que somos nós, Igreja Corpo Místico de Cristo, tem poder quando, com fé, leva as pessoas a Jesus. A comunidade deve superar os obstáculos e preparar o acolhimento por meio de sua organização pastoral, por meio das CEBs, Grupos de Oração, das instituições que trabalham com muitos paralíticos de alma, excluídos, afastados e tantos outros, pois só assim haverá o encontro verdadeiro com Jesus. Havendo o encontro, haverá a cura e esta não será um bem somente para a própria pessoa, mas, também, para a família, para a Igreja e para toda a sociedade. Pessoas novas viverão num mundo novo.

Boa reflexão e que possamos produzir muitos frutos para o Reino de Deus.

 


Padre Leomar Antonio Montagna é presbítero da Arquidiocese de Maringá, Paraná. Doutorando em Teologia e mestrado em Filosofia, ambos pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná – PUCPR – Câmpus de Curitiba. Foi professor de Teologia na Faculdade Missioneira do Paraná – FAMIPAR – Cascavel, do Curso de Filosofia da PUCPR – Câmpus Maringá. Atualmente é Pároco da Paróquia Nossa Senhora das Graças em Sarandi PR.