Mais uma quinta-feira (28) apreensiva. Os números de infecções no estado de Mato Grosso não são dos melhores. Muitas mortes também. Situação que tem preocupado os infectologistas, pois o vírus chegou aos adolescentes. Muitos deles internados. São poucas as vagas nas UTIs. Não dá para quem precisa. Mesmo assim, o descuido é geral por aqui. O uso das máscaras tornou-se desnecessário. É muito comum ver pessoas desfilando sem elas. Não vai me pegar, é o que mais se ouve.
Maior azar teve deputado federal bolsonarista (PSL) do Estado do Rio de Janeiro. Foi colocado para fora de um vôo, pela Polícia Federal, no aeroporto de Guarulhos (SP), por se recusar terminantemente a usar máscara durante o percurso do vôo. Arrogante e prepotente, chegou a afirmar que o vôo não partiria sem a sua presença a bordo, afinal era um parlamentar. Prognóstico que não se confirmou, pois o avião partiu sem a sua nobre presença negacionista. Se colocando como todo poderoso, dono da verdade, igual ao seu inominável presidente.
Hoje pedi licença a Jesus para não rezar com o texto do Evangelho do dia. Aliás, um texto muito lindo que fala da lâmpada acesa para ficar em lugar de destaque. Quis eu refletir com o salmo 24 (23) da liturgia do dia de hoje. O Livro dos Salmos é considerado o coração do Antigo Testamento e que nos ajuda a posicionar-nos no contexto da vida cristã, como seguidores de Jesus de Nazaré. “Quem subirá até o monte do Senhor, quem ficará em sua santa habitação?”. Pergunta de antemão o salmista. Ele mesmo se encarrega de nos dar a resposta: “Quem tem mãos puras e inocente coração, quem não dirige sua mente para o crime
Pandemia vai, pandemia vem e algumas coisas não mudam entre nós. Nesta semana, iniciou-se o Big Brother Brasil. Fico impressionado como ainda tem pessoas que perdem tempo com este tipo de programa. Um verdadeiro achincalhe aos princípios e valores. Se o químico francês Antoine Laurent Lavoisier (1743-1794) com a sua Lei de Conservação das Massas já dizia que “Na natureza nada se cria e nada se perde, tudo se transforma”, podemos dizer que na televisão brasileira nada se cria e tudo se copia. Personagens distantes da vida real, numa vida de total aparência e do faz de conta.
Todavia, a temática que desejo desenvolver com vocês á a da verdade. A minha primeira experiência com esta palavra ocorreu quando ainda criança. Tive a infeliz ideia de pegar algo escondido na casa de um amigo de infância. Assim que cheguei em casa, dona Arlinda, minha mãe, me viu com aquilo, me fez voltar no rastro e deixar aonde eu havia apanhado o tal objeto. E ainda me fez dizer às pessoas daquela casa que eu havia subtraído aquele objeto e que estava ali para devolvê-lo. Nunca passei tanta vergonha na minha vida. Sem falar que levei uma surra quando cheguei de volta em casa, para nunca me esquecer daquele dia, afirmou a senhora minha mãe.
“A verdade deve ser dita sempre”, dizia a minha mãe para todos nós, seus filhos. Crescemos vivenciando esta experiência. Mesmo que doa, mas a verdade tem sempre que prevalecer, esta era a lógica seguida pela minha mãe. Verdade que muitos fogem dela, como o diabo foge da cruz, dizia-me certa feita um amigo. Verdade que não faz parte do ideário litúrgico da política brasileira. Basta ver o que ocorreu esta semana, diante das denúncias de que houve superfaturamento nos gastos com alimentos na residência de certa família no Brasil do Big Brother. Ao invés de vir a publico fazer a prestação de contas, trataram de tirar do ar o site do Portal da Transparência. No lugar da verdade, transparece a mentira com as suas pernas curtíssimas.
Precisamos empoderar-nos da verdade. Empoderar é uma palavra relativamente nova, que passou a ganhar o chão das nossas lutas. O Movimento Feminista, por exemplo, já nos deu grande mostra deste tipo de empoderamento feminino. Mulheres que se enchem de poder e conhecimento sobre os seus principais direitos, como forma de defender-se contra todas as formas de violências contra elas, sobretudo do feminicídio. Empoderar-se da verdade é tê-la sempre presente na nossa caminhada, nas nossas lutas, para que assim, possamos combater as mentiras que insistem em ainda estarem presentes no nosso cotidiano.
Viver tendo a verdade como experiência maior e projeto de vida não é de todo fácil. Há aqueles que preferem enganar-se a si mesmos, vivendo numa pseudo verdade. Estes se sentem terrivelmente incomodados quando a verdade bate-lhes a porta. Como é difícil vivermos sob o estigma da inverdade. Aristóteles mesmo já nos alertava que “Negar aquilo que é, e afirmar aquilo que não é, é falso, enquanto afirmar o que é e negar o que não é, é a verdade.”
“Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará” (Jo 8, 32) É assim que define Jesus a narrativa bíblica do evangelista João. Segundo ele, Jesus, é essa verdade libertadora de que fala também o profeta Isaías. (Is 53) ELE que se revelou a nós para que pudéssemos entregar-nos e achegar a ELE. A verdade que liberta e que devemos aceitar como vida nova trazida por Jesus, relativizando tudo aquilo que antes parecia absoluto: riqueza, poder, idéias, estruturas.