Quarta feira da Terceira Semana da Páscoa. O Ressuscitado segue ditando o ritmo das nossas vidas. O clima de esperança com a Ressurreição de Jesus nos faz acreditar que a vida ganha nova dimensão, ao fazermos a adesão ao Projeto de Deus. Sair de nós mesmos é preciso, para abrir, mente e o coração, abraçando as mesmas causas de Jesus. Voltar-nos para Jesus é voltar para nós mesmos, conhecendo-nos um pouco mais para que assim, possamos fazer, de forma consciente, aquilo que São Paulo dizia: “Tende em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus”, (Filip 2,5)
Uma semana de acontecimentos importantes em nossa vida eclesial. Sob nova direção! Nesta última segunda feira (24), a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), elegeu como seu presidente o arcebispo de Porto Alegre (RS) Dom Jaime Spengler. Estará a frente da principal organização religiosa do país pelo período de 2023 a 2027. No aceite da função de tamanha responsabilidade, Dom Jaime assim se manifestou: “Com humildade, simplicidade, temor e tremor, mas sobretudo na fé, em espírito de comunhão e colaboração, sim!”
A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) é um órgão colegiado dos Bispos do Brasil. Uma instituição permanente que reúne os Bispos católicos que, conforme o Código de Direito Canônico, “Exercem conjuntamente certas funções pastorais em favor dos fiéis do seu território, a fim de promover o maior bem que a Igreja proporciona aos homens, principalmente em formas e modalidades de apostolado devidamente adaptadas às circunstâncias de tempo e lugar, de acordo com o direito” (Cân. 447). Fundada em 1952, com a eminente contribuição de Dom Hélder Câmara.
É verdade que ela perdeu o seu veio profético ao longo destes anos. Ela que já foi uma voz forte na defesa dos perseguidos políticos da ditadura, dos Direitos humanos, dos sem voz e sem vez de nossa sociedade, nas pessoas de Dom Hélder Câmara, Dom Paulo Evaristo Arns, Pedro Casaldáliga, Dom Luciano Mendes de Almeida, dentre tantos outros. Até porque, grande parte de seus primeiros componentes vieram das importantes decisões oriundas do Concílio Vaticano II (1962-1965), documento este que se encontra empoeirado dentro de alguma gaveta dos palácios episcopais. Que o Espírito Santo seja a luz profética, e oriente esta nova direção para que ela esteja sintonizada, de fato, com a Igreja de Jesus de Nazaré.
Outro acontecimento também importante, desta vez para nós educadores, é que neste dia 26 de abril, estamos fazendo o “Dia Nacional de Paralisação em defesa da Lei do Piso e por revogação do Novo Ensino Médio”. Todos os 27 estados do país, mais o Distrito Federal, estão mobilizados por esta causa. O Brasil é um dos países que não respeita e nem valoriza os seus profissionais da educação, que trabalham a duras penas nas unidades públicas de educação pelo país afora. De saber que um vereador tem o seu salário maior que o de um professor, algo vai muito mal e este não pode ser um país sério. “Educação é direito de todos e dever do Estado e da família”, diz o Art. 205 de nossa Constituição Federal de 1988.
Educação que também precisamos ter a respeito de nossa experiência mais profunda de fé. Uma fé amadurecida, engajada e comprometida, nos faz crer com mais confiança no projeto salvífico de Deus revelado por Jesus de Nazaré. No texto que nos é apresentado no dia de hoje pela liturgia, nos ajuda aprofundar o conhecimento de nossa fé. Mais uma vez, Jesus apresentando-se como o Pão da vida: “Eu sou o pão da vida. Quem vem a mim não terá mais fome e quem crê em mim nunca mais terá sede”. (Jo 6,35) Aqui não se tata tão somente de pão que alimenta a fome, mas de conhecimento, sabedoria, responsabilidade para que a nossa adesão a Ele seja firme e consolidada.
Entre o ver e o crer. Ver com os olhos da face este mesmo Jesus presente no irmão que sofre; ver também com o olhar compassivo de um coração pleno de amorosidade. Ver Jesus é crer n’Ele: “Quem vê o filho e nele crê, este tem a vida eterna, e eu o farei ressuscitar no último dia, diz Jesus”. (Jo 6,40) Quem vê Jesus, vê Deus presente e atuando n’Ele e por Ele. Quem vê Jesus faz as coisas de Deus e deixa-se mergulhar no mistério profundo da Trindade Santa. Ver, crer e conhecer Jesus é conhecer a nós mesmos em profundidade, lá onde Deus habita no mais intimo de nosso ser. Para tanto, precisamos nos abrir à verdade que Jesus é, sabendo que pouco conhecemos d’Ele. Neste sentido, bem que poderíamos refletir com o filósofo cartesiano francês René Descartes (1596-1650): “Daria tudo que sei pela metade do que ignoro”.
Francisco Carlos Machado Alves conhecido como Chico Machado, foi da Congregação do Santíssimo Redentor, os Redentorista, da província de São Paulo. Reside em São Felix do Araguaia no Mato Grosso e é agente de Pastoral na Prelazia de São Felix desde 1992. Sua atividade pastoral é junto aos povos indígenas da região: Xavante, Kayabi, Karajá, dentre outros. Mestre em Educação atua na formação continuada de professores Indígenas, nas escolas das respectivas aldeias.