Envelhecimento e suicídio

 

Ao pensarmos no setembro amarelo, mês de maior conscientização sobre o suicídio, refletimos também sobre o envelhecimento. De acordo com o Ministério da Saúde em 2017, enquanto a taxa geral de suicídio entre os brasileiros é de 5,8 para cada 100 mil habitantes, entre pessoas com mais de 70 anos, ela sobe para 8,9 por 100 mil habitantes.

Considerando que o suicídio possui causas múltiplas e se manifesta de forma individual, podendo ser determinado por questões sociais. Quando chegam na velhice muitas adversidades já foram superadas, conquistas, metas foram alcançadas, e também perdas, perdas do trabalho, do cônjuge, de amigos, de papeis sociais, perda de autonomia consequência do adoecimento em muitos casos, as perdas passam a ser vistas muito mais que as conquistas.

Quando pensamos em setembro amarelo, o quanto é importante falar sobre o suicídio, pensamos também, em quem está disposto a ouvir. Ouvir o idoso que muitas vezes já não tem uma verbalização clara, ouvir o idoso que trás com sigo o adoecimento, queixas que nem sempre são compreendidas pelos cuidadores. Quem ouve precisa estar atento, escutar com atenção, cuidado, amor e tempo. Em uma sociedade competitiva temos tempo para ouvir nossos idosos? dando a eles o nosso precioso tempo?

Fontenelle em seus escritos fala que a pessoa não comete suicídio porque chegou ao fim da vida, não é a vida que ele deseja acabar, mas com a dor. É preciso pensar em quem é a rede de apoio do idoso, sendo a família de grande importância para garantir que o mesmo continue exercendo seu papel social. Quando alguém tira a vida tentando matar a dor, a dor vai continuar viva na família e amigos que ficaram.

É importante observar os fatores de risco, como: ideação de morte, acometimento de doenças crônicas, entre elas a demências, falta de conexão com a sociedade, ausência de perspectiva de futuro, limitação na mobilidade, escuta e visão o que provoca mais isolamento social. Um complicador é a depressão, os cuidadores pode pensar que o idoso está mais quieto, mais implicante devido a idade. Mas é importante salientar que essas atitudes não são normais do envelhecimento é necessário investigar as causas por profissionais de saúde, sendo psicólogo, psiquiatra e demais médicos que acompanham o quadro clínico do idoso.

O estigma com relação ao suicídio atrapalha, para o idoso é difícil reconhecer que precisa de ajuda, para a família é difícil acreditar que ele tiraria a vida, porém, a prevenção sempre é a melhor escolha. É relevante ficar atento as verbalizações como: “eu sou um peso”, “eu só atrapalho”, “já estou no fim da vida mesmo”, “já vivi tudo, agora é só dor”. Muito pode ser feito por esse idoso que já contribuiu com nossas vidas, com a sociedade e pode continuar nos ensinando, com a sabedoria adquirida com a idade.

Fale com alguém hoje mesmo, ligue 188 – Centro de Valorização da Vida.


Andréia Aparecida Oliveira – CRP 08/19882
Graduada em Psicologia, com especialização em Análise do Comportamento. Atua na área da psicoterapia infantil. Atende em Candói na Clínica Oliveira Psicologia, é voluntária e coordenadora da Pastoral da Escuta na Paróquia Santa Clara, trabalha na APAE de Candói. Em Guarapuava atende na Clínica Essence Psicologia