Genealogia de Jesus: A grandeza e as fraquezas humanas

Reflexão litúrgica: sexta-feira
17/12/2021, 3ª Semana do Advento

Na Liturgia desta sexta-feira, 3ª Semana do Advento, na 1a Leitura (Gn 49,2.8-10), vemos que o patriarca Jacó, chegando ao fim de seus dias, vê o facho, o cetro do Messias na tribo de Judá e na descendência de Davi, mas é um cetro que supera as vicissitudes históricas de um povo, por ser o cetro de Deus e uma coisa só com ele. O cetro é sinal de seu poder, mas sobretudo de seu amor, porque para Deus reinar é servir a seus servos, feitos seus amigos.

Embora o texto exalte o poder real aludindo à monarquia davídica, porém, além do reino davídico, espera-se um outro: um rei ideal, a quem caberá definitivamente o comando e de cujo reino farão parte outros povos. É a expectativa de um ‘ungido’ por excelência, graças ao qual poderá realizar-se a tão esperada salvação.

No Evangelho (Mt 1,1-17), vemos que em Jesus, continua e chega ao ápice toda a história de Israel. Sua árvore genealógica apresenta-o como descendente direto de Davi e Abraão. Como filho de Davi, Jesus é Rei-Messias que vai instaurar o Reino prometido. Como filho de Abraão, ele estenderá o Reino a todos os homens, por meio da presença e ação da Igreja.

Aparentemente este texto parece ser árido e monótono, mas eis algumas das riquezas que ele contém:
1 – Uma síntese da história da salvação em seu lento desenrolar, em suas encruzilhadas decisivas;
2 – Jesus é profundamente radicado em um povo e na história dos homens;
3 – Jesus é o herdeiro das bênçãos de Abraão e da glória de Davi;
4 – As mulheres insolitamente nomeadas na genealogia, em parte são pecadoras (Jesus solidário com os pecadores), em parte estrangeiras (Jesus Salvador de todos).

No Messias, filho de Abraão, toda a humanidade é destinada a receber a promessa. A esperança não morre, a chama não se apaga. E exatamente na hora em que diminui o esplendor e desapareceu a grandeza, cumpriu-se a palavra de Deus, porque Jesus é o Messias, a esperança e a realização, o sonho e a realidade de Israel. Deus fez-se homem em Jesus, entrando em cheio no complexo das gerações humanas. Tornando-se perfeito homem, está no meio da humanidade, portanto não mais longe de nós, e os nossos apelos não caem no vazio. Entre os antepassados de Jesus encontramos a grandeza e a caducidade humanas. De contínuo se rompe o fio, mas sempre o Senhor o reata. Ele é fiel mesmo quando nós somos infiéis.

Boa reflexão e que possamos produzir muitos frutos para o Reino de Deus.


Padre Leomar Antonio Montagna é presbítero da Arquidiocese de Maringá, Paraná. Doutorando em Teologia e mestrado em Filosofia, ambos pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná – PUCPR – Câmpus de Curitiba. Foi professor de Teologia na Faculdade Missioneira do Paraná – FAMIPAR – Cascavel, atualmente é professor do Curso de Filosofia da PUCPR – Câmpus Maringá.