Sexta feira da 28ª semana do tempo comum. No dia de hoje, a Igreja celebra a Festa de Santa Teresa de Ávila. Também conhecida como Santa Teresa de Jesus. Uma grande doutora da Igreja do século XVI, nascida na cidade de Ávila, na Espanha, em 1515, vindo a falecer no ano de 1582. Referência espiritual para muitos outros santos, dentre eles o Napolitano Santo Afonso Maria de Ligório (1696-1787), fundador da Congregação do Santíssimo Redentor (CSSR), os Missionários Redentoristas. É de Teresa uma de suas obras literárias sobre a espiritualidade mais conhecidas, “O Castelo Interior” (1577), em que ela compara a alma contemplativa a um castelo com sete sucessivas cortes interiores. Rezei muito na minha vida formativa no seminário com o auxílio desta sua obra. Como Teresa mesmo já dizia: “A amizade com Deus e a amizade com os outros é uma mesma coisa, não podemos separar uma da outra.”
Uma sexta feira também decisiva para os profissionais da educação. No dia de hoje, comemoramos o “Dia do Professor”. Este ardoroso profissional, tão importante e decisivo para a sociedade e, ao mesmo tempo, tão desprezado pelos governantes de plantão. Nossos representes políticos, ainda não aprenderam a valorizar adequadamente os nossos professores e professoras, mesmo sabendo que todos os demais profissionais passam, necessariamente, pelas mãos e corações destes profissionais. Quando um reles vereador, que muitas vezes nem sequer sabe da sua função dentro do parlamento, recebe um salário bem superior ao do/da professor/a, é sinal de que esta sociedade não pode se alto definir séria.
“A educação é um ato de amor, por isso um ato de coragem”, dizia a nossa referência maior da educação brasileira, o professor Paulo Freire. Ser professor/a em nosso país, se transformou num gigantesco desafio. É uma luta permanente pela sobrevivência, dado os míseros salários que recebem. Sem falar que desempenham múltiplas e variadas funções: psicólogos/as, pais, mães, babás, conselheiros/as… sobretudo porque, a escola deixou de ser espaço de conhecimento e escolarização, e se transformou em lugar de prover a educação dos alunos, papel que deveria ser especificamente da família, que delegou tal responsabilidade à escola. Como me disse certa feita uma mãe: “eu trouxe ele, para ver se vocês dão um jeito, já que eu não consigo”. O chão da escola é muito duro e o/a professor/a se faz um/a desbravador/a.
Nossa educação vai muito mal! Não por causa dos nossos abnegados professores e professoras. Segundo um estudo elaborado pelo World Competitiveness Center (IMD), entre as 64 nações avaliadas no quesito educação, o Brasil figura na incômoda 61ª posição. Tudo porque, os nossos políticos, na sua maioria, veem a educação como um gasto e não como investimento. Daí decorre também o porquê dos nossos educadores e educadoras não serem devidamente valorizados no seu trabalho/missão/vocação, que realizam nas escolas Brasil afora. Não são valorizados a começar pelo órgão máximo, o Ministério da Educação e Cultura (MEC), que deveria ser aquele, que cuidasse melhor das escolas, da educação, dos profissionais como um todo. Não são valorizados, porque o salário de um profissional da educação hoje no país é um dos mais inferiores. Uma nação que não valoriza os seus profissionais da educação não pode ser uma nação séria e nem digna de respeito. Mais do que um dia a se comemorar, trata-se de um dia de luta.
Luta pela vida! Luta pela educação de qualidade social. Luta pela sobrevivência. Luta pela sua dignidade de educadores. Luta para fazer dos alunos, pessoas que alcancem um futuro mais promissor, através de seus estudos. O professor, a professora, antes de tudo, são teimosos. Os verdadeiros heróis e heroínas de uma pátria, cujo seu representante máximo acha que “o Livro Didático possui muita coisa escrita”. Outros ainda entendem que “a universidade só produz balbúrdia”. Sem falar naqueles que concebem a ideia de que “os ‘alunos especiais’ atrapalham o rendimento dos alunos normais”.
A escola é um espaço de produção de conhecimentos. Um espaço que possibilita a alunos e alunas a pensar, sobre todos os aspectos de suas vidas. Um lugar em que estes mesmos alunos aprendam a ler o mundo e a compreender as suas contradições. Evidentemente que os economistas dominadores, donos do capital, não querem que professores e alunos sejam seres pensantes, pois assim, fica mais fácil dominar e explorá-los como seres subalternos. Os profissionais da educação, também precisam assumir a sua vida participativa cidadã e, como classe, lutar pelos seus direitos. Até porque, quem não luta pelos seus direitos, não é digno e merecedor deles. Desta forma, de nada adianta desejar um feliz dia dos professores e professoras e continuar votando naquelas pessoas que são contrárias a educação de qualidade ou promovem retrocessos na educação, com o fechamento de escolas, ou no corte de verbas destinadas à educação. Que Santa Teresa D’Ávila nos ajude nesta árdua missão/vocação: “Nada te perturbe, nada te amedronte, tudo passa, a paciência tudo alcança. A quem tem Deus nada falta. Só Deus basta.” Viva nossos professores/as!
Francisco Carlos Machado Alves conhecido como Chico Machado, foi da Congregação do Santíssimo Redentor, os Redentorista, da província de São Paulo. Reside em São Felix do Araguaia no Mato Grosso e é agente de Pastoral na Prelazia de São Felix desde 1992. Sua atividade pastoral é junto aos povos indígenas da região: Xavante, Kayabi, Karajá, dentre outros. Mestre em Educação atua na formação continuada de professores Indígenas, nas escolas das respectivas aldeias.