Obrigado Senhor por estar vivo! Tenho mais um dia pela frente. Eu vos louvo e te bendigo pelo DOM DA VIDA que há em mim. O Senhor está aqui, eu creio. SINTO SUA PRESENÇA junto a mim. Este é o sentimento que temos em meio a tudo isso que estamos vivendo. Estar vivo é uma graça divina! É motivo de agradecimento, pois muitos não estão tendo o mesmo destino. Por este motivo, nos sentimos frágeis e impotentes frente a algo que não conseguimos dominar. Mas precisamos acreditar que vamos dar a VOLTA POR CIMA.
Os dias têm sido muito tristes para muitos de nós. Os números vão aumentando e agravando ainda mais a situação em nosso país. Um dado que me deixou chocado, foi saber que somos o país com o maior número de pessoas em UTIs. Não somente as mortes vão se avolumando, mas temos muitos internados. Agora o vírus está se alastrando rumo ao interior do país. Isso preocupa, pois no interior as condições de atendimento são mais vulneráveis. Só Deus mesmo para ter MISERICÓRDIA.
Uma imagem me marcou profundamente ontem. Minha amiga do coração, Renata Silva, postou uma foto da estátua do poeta Carlos Drummond de Andrade, na cidade do Rio de Janeiro. Esta imagem FALA POR SI. Levei um soco no estômago, assim que bati os olhos na tal foto. Nesta foto, um adolescente, em situação de rua está abraçado à estátua do poeta. Ao que tudo indica, dormindo profundamente nos braços do poeta. Não tem como ficar insensível diante da imagem apresentada. É como se aquele jovem, buscasse o CALOR de um ABRAÇO. Eu não sei em que dimensão do universo, Drummond se encontra, mas eu não tenho dúvida de que, com a sensibilidade de coração do poeta, ele estava ali dando o ACONCHEGO aquela criatura, tão DESPROTEGIDA. Assim eu creio.
Não resisti e tive que conversar com esta minha amiga hoje. Aquela imagem ficou perpassando pela minha mente. Fui dormir com ela. E, para minha surpresa, esta minha amiga, também foi, juntamente com a sua mãe, uma pessoa que passou pela rua, morando por um período de suas vidas. Uma experiência que a professora Renata carrega consigo, e procura trabalhar com os seus alunos para que eles conheçam melhor esta população.
CONHECER é o verbo certo para lidar com esta situação. Geralmente, tratamos tais pessoas com muito PRECONCEITO. Um preconceito ARRAIGADO. Eu penso assim e vou continuar pensando assim! E o pré-conceito, é quando eu, sem conhecer bem a realidade, formulo a minha opinião, baseado no que eu ouvi as outras pessoas dizerem. Só somos capazes de amar e ter empatia sobre aquilo que conhecemos mais.
Há uma estimativa de cerca de 40 mil pessoas hoje, estão em situação de rua. Por vários motivos, estas pessoas foram parar nas ruas: conflitos familiares, desemprego, queda na renda, gravidez precoce, dependência química, são alguns destes fatores determinantes para as pessoas estarem nesta situação. Dados demonstram, por exemplo, que a população feminina representa 18% do total de pessoas que vivem em situação de rua. A maioria das mulheres também é jovem e está nas ruas com idade menor do que a dos homens: 21,17% delas têm entre 18 e 25 anos e 31,06% têm entre 26 e 35 anos. Ou seja, uma população muito jovem. Outro dado também alarmante é que houve um aumento de 150% nos últimos três anos, das pessoas que foram parar nas ruas.
Que sociedade é esta que criamos para o nosso povo? Que mundo é este que estamos vivendo e NATURALIZAMOS estas situações, como se fosse algo NORMAL de existir entre nós. Nossos governantes fazem vistas grossas para esta situação. Inexistem POLÍTICAS PÚBLICAS para o enfrentamento desta realidade. Quando uma sociedade acha normal que isso aconteça, significa que toda a sociedade está DOENTE, mas não sabe disso. Ver aquele jovem, procurando abrigo nos braços de uma estátua, significa que a estátua está viva e todos nós já morremos. Não dá para ser conivente com esta situação e continuar achando que aquelas pessoas estão ali naquela situação porque escolheram este modelo de vida para si. Termino com uma frase que vi escrita num cartaz de uma destas pessoas que encontrei pela rua: “Olhe nos meus olhos, sou ser humano.”