Reflexão litúrgica: Quinta-feira, 21/09/2023
Festa de São Mateus, Apóstolo e Evangelista
24ª Semana do Tempo Comum
Mateus, também chamado Levi, é o autor do primeiro Evangelho, destinado aos cristãos de origem judaica. Mateus, que era coletor de impostos, deixou tudo e seguiu a Jesus, tornando-se um dos Doze. O anúncio de Cristo foi a sua missão. Segundo algumas fontes, Mateus teria morrido por causas naturais; no entanto, outras tradições antigas recordam que Mateus sofreu o martírio, apedrejado, queimado e decapitado na Etiópia. Na descrição dos quatro seres do Apocalipse – águia, boi, leão, homem – São Mateus é associado àquele com aspecto de homem.
Seu primeiro contato com Jesus se deu enquanto estava trabalhando: “Saindo daí, Jesus viu um homem chamado Mateus, sentado na coletoria de impostos, e lhe disse: ‘siga-me!’ Ele se levantou e seguiu Jesus” (Mt 9, 9). Depois, Mateus preparou, em sua casa, um grande banquete para Jesus. “Estava aí uma numerosa multidão de cobradores de impostos e outras pessoas, sentadas à mesa com eles” (Lc 5, 27-29). Como Mateus era coletor de impostos, uma ocupação desprezada pelo povo judeu, os fariseus criticaram Jesus ao vê-lo à mesa com os publicanos e pecadores. O Mestre respondeu: “Não vim chamar justos, mas pecadores ao arrependimento” (Lc 5,29).
Na Liturgia da palavra desta quarta-feira, Festa de São Mateus, Apóstolo e Evangelista, na 1a Leitura (Ef 4,1-7.11-13), o Apóstolo Paulo afirma que o aspecto central da vida cristã é a unidade. Os cristãos devem ser exemplo vivo dessa unidade, que supera as divisões humanas.
Paulo ainda enfatiza que a diversidade dos dons que cada um recebeu de Cristo não pode ser fonte de divisão, inveja e competição na comunidade. Ele relembra que a variedade de dons é desejada por Cristo, para que cada um se coloque a serviço de todos para que a comunidade permaneça unida no conhecimento e no compromisso da fé.
O Evangelho (Mt 9,9-13), narra o chamado de Mateus e a refeição de Jesus com os pecadores. Vemos que Jesus tem atitudes de misericórdia com as pessoas consideradas pecadoras e rejeitadas pela sociedade. Ele as convida para fazerem parte de sua comunidade. Mateus era um cobrador de impostos para as autoridades romanas, por isso, era discriminado, um excluído da vida social e religiosa. Jesus, ao chamá-lo, mostra que sua missão é reunir e salvar aqueles que a sociedade hipócrita rejeita como maus. Jesus vê a pessoa, não as marcas colocadas sobre ela. E nós, impedimos ou facilitamos o acesso a Jesus? Como tratamos os diferentes? Nos colocamos como juízes? Temos preconceitos? Lembremo-nos que, se existe o mal, este é uma denúncia contra nós, nós não fomos tão bons, sal, luz, fermento.
Jesus chama os pecadores e comunga com eles, não classifica quem pode ou não comungar. Com seu gesto, imprime nova atitude religiosa, está nos dizendo que as pessoas precisam de saúde, misericórdia e perdão, que Deus não é lei, mas amor; não é punição, mas perdão; não é castigo, mas remédio. Jesus aceita a pessoa não só depois que se converteu e se esforçou para ser bom, mas enquanto ainda está a caminho e é pecador. Jesus perdoa para que se converta, mas o perdoa para que, amado, possa converter-se.
Finalizo esta reflexão com um questionamento: Nossas pastorais estão voltadas somente para o público de dentro? A quem nós chamamos? E quando chegam pessoas que estavam afastadas e são acolhidas, nós festejamos, rejeitamos, resmungamos? De quem nós, as pastorais e a igreja nos aproximamos? Alguns Grupos religiosos, no tempo de Jesus, se consideravam justos e, então, Jesus nada pode fazer por eles. Enfim, como devem ser tratados os pecadores na comunidade de Jesus? “Quero a misericórdia e não sacrifícios”. A comunidade de Jesus deve ser medicina da alma, medicina da família e medicina da sociedade: “Um por todos, todos por um, todos por todos, o tempo todo”.
Boa reflexão e que possamos produzir muitos frutos para o Reino de Deus.
Padre Leomar Antonio Montagna é presbítero da Arquidiocese de Maringá, Paraná. Doutorando em Teologia e mestrado em Filosofia, ambos pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná – PUCPR – Câmpus de Curitiba. Foi professor de Teologia na Faculdade Missioneira do Paraná – FAMIPAR – Cascavel, do Curso de Filosofia da PUCPR – Câmpus Maringá. Atualmente é Pároco da Paróquia Nossa Senhora das Graças em Sarandi PR.