Reflexão litúrgica:
Sexta-feira, 04/06/2021
9ª Semana do Tempo Comum
Na Liturgia desta sexta-feira da IX Semana do Tempo Comum, vemos, na 1a Leitura (Tb 11,5-17), que depois da libertação de Sara e de seu feliz casamento, vem a luz para os olhos de Tobias. Como no livro de Jó, a fidelidade do justo leva à experiência de Deus, que transborda em alegria de viver. A alegria da mãe é a presença viva dos filhos, Tobias era tido como perdido e então regressa à casa. A alegria do pai é ver os filhos bem-sucedidos na aventura da vida.
A história desta família hebreia que estava no exílio é símbolo da história de muitas famílias hoje que vivem nas “periferias não apenas geográficas, mas também as periferias existenciais: as do mistério do pecado, da dor, das injustiças, das ignorâncias e recusa religiosa, do pensamento, de toda miséria. A Igreja em saída é uma Igreja com as portas abertas. Sair em direção aos outros para chegar às periferias humanas não significa correr pelo mundo sem direção nem sentido (EG, 46). Sofrimento físico e moral, pobreza, separações não são uma fatalidade para quem tem fé; entram no plano misterioso e misericordioso de Deus. A confiança nele alivia sempre a dor, abre à esperança, torna-se prece, e esta esperança obtém muitas vezes êxito feliz, mesmo na existência terrena. A fé é luz interior que faz ver, mesmo quando os olhos estão apagados. As expectativas se realizam. Quantos pais e mães aguardam o retorno dos filhos e os reveem numa nova luz! É uma esperança que tem em Cristo sua luz: ele mostra em si próprio, mesmo que tenha lutado contra todas as formas de sofrimento, aceitando-o com fé deságua na ressurreição.
No Evangelho (Mc 12,35-37), vemos que o título “filho e Davi” indicava a origem e o projeto do Messias. O povo de Israel esperava um Messias descendente que iria refazer a família real e a glória do reino de Davi. Jesus rejeita que o Messias deva agir como um novo Davi, tratando de restaurar realezas e recuperar poderes e privilégios. Com isso, questiona os poderes populares que usurpam da consciência do povo.
Jesus convida a considerar a fundo sua pessoa, para descobrir sua plena identidade. O perigo que sempre ocorre na história é reduzir o Cristo a certa mentalidade humana, a certa cultura ou ideologia. Jesus Cristo, em sua grandeza divina e humana, responde a todas as expectativas, mas sempre as transcende, jamais pode ser catalogado, classificado e enclausurado. Jesus nos conhece profundamente, Ele é o Deus-conosco, que dá sentido divino a tudo o que é do ser humano, por isso é nossa esperança.
O Papa São João Paulo II, assim se expressava em sua Exortação Apostólica ‘A Igreja na América’:
“Jesus Cristo é a boa nova da salvação comunicada aos homens de ontem, de hoje e de sempre; mas, ao mesmo tempo, Ele é também o primeiro e supremo evangelizador. A Igreja deve colocar o centro da sua atenção pastoral e da sua ação evangelizadora em Cristo crucificado e ressuscitado. Tudo o que se projeta no campo eclesial deve partir de Cristo e do seu Evangelho. Por isso, a Igreja na América deve falar cada vez mais de Jesus Cristo, rosto humano de Deus e rosto divino do homem. É este anúncio que verdadeiramente mexe com os homens, que desperta e transforma os ânimos, ou seja, que converte. É preciso anunciar Cristo com alegria e fortaleza, mas sobretudo com o testemunho da própria vida” (IA, 67).
Boa reflexão e que possamos produzir muitos frutos para o Reino de Deus.