Jesus da periferia

Sábado da Terceira Semana do Advento. Adentramos o penúltimo final de semana deste ciclo de 2023, que estamos encerrando. Hora de celebrar a Festa da Vida e acertar as contas conosco mesmo, fazendo um balanço pra saber se estamos no rumo certo. Natal é a festividade que nos coloca em sintonia com os planos de Deus. Celebrar com vida, a vida que vem!

Jesus vem ao nosso encontro através de uma criança pobre da periferia. Deus tem lado, o lado dos pobres, dos fracos e dos excluídos e marginalizados. Deus escolhe os pobres para fazer nascer no meio deles Aquele que vem libertar o seu povo. A opção de Deus não passa pelos espaços “sagrados” dos tempos, dos cálices dourados de ouro, das roupas granfinas, mas pelo casebre dos pobres.

Foi assim que Deus adentrou a nossa história humana. Na contramão, remando contra a correnteza. Primeiro com um casal de idosos. Ela estéril e ele já pensando no final de sua jornada. O filho gestado no impossível, se fazendo realidade e rompendo as barreiras da desilusão. Fechando as portas do antigo e descortinando a esperança naquele que anuncia como o sonho de Deus para os seus.

A luz vem ao mundo, clareando as trevas da escuridão. A excelência do amor, ocupando o lugar da ignorância e da dor. A misericórdia de um Deus, Pai e Mãe, amando incondicionalmente e espalhando toda a sua ternura e amorosidade em forma de compaixão. O Deus de Abraão, de Isaac e de Jacó. O Deus peregrino de Jesus de Nazaré. Jesus da periferia, revolucionando a aurora de um novo dia.

Natal é luz, é vida e é amor! É Deus mesmo que vem ser vida em nossa dor. Natal é festa, é fraternidade, igualdade, justiça e irmandade. É vida igual, partilhada na equidade. Não celebrar o Natal nesta perspectiva, se transforma numa festa pagã, de uma divindade qualquer, puro ritualismo, cujo astro principal não foi convidado para a festa.

Natal é a luz de Deus que acende em cada coração que se abre ao amor maior do Reino. É a força da paz superando os instrumentos do ódio. É a esperança vencendo o medo da noite escura da morte. É caminhar rumo ao infinito, onde encontraremos a finitude do mistério de Deus acontecendo na história. É revestir do humano que somos com a roupagem do divino que é Deus morando em nós.

“É Natal sempre que deixares Deus amar os outros através de ti… sim, é Natal sempre que sorrires ao teu irmão e lhe ofereceres a tua mão”, afirmava convicta a Madre Teresa de Calcutá. É Natal a todo tempo em que a esperança seja luz a guiar o seu dia. Um Menino veio ao nosso encontro, trazendo-nos o sonho de Deus se fazendo gente como a gente. É festa! É alegria! É Deus festejando o seu dia. Que muitas estrelas brilhem no céu da sua vida, renovando a cada momento, a esperança de um novo dia!

 


Francisco Carlos Machado Alves conhecido como Chico Machado, foi da Congregação do Santíssimo Redentor, os Redentorista, da província de São Paulo. Reside em São Felix do Araguaia no Mato Grosso e é agente de Pastoral na Prelazia de São Felix desde 1992. Sua atividade pastoral é junto aos povos indígenas da região: Xavante, Kayabi, Karajá, dentre outros. Mestre em Educação atua na formação continuada de professores Indígenas, nas escolas das respectivas aldeias.