Reflexão litúrgica: Terça-feira, 19/09/2023
24ª Semana do Tempo Comum
Na Liturgia desta terça-feira da XXIV Semana do Tempo Comum, vemos, na 1a Leitura (1Tm 3,1-13), que o Apóstolo Paulo acentua algumas qualidades dos responsáveis pelas comunidades locais, denominados presbíteros ou bispos. A prova dada por um indivíduo na maneira de conduzir a própria casa, no relacionamento com os próprios filhos, era então considerada uma garantia de equilíbrio e maturidade, ou seja, de êxito na missão presbiteral. “Os de fora” são os não-cristãos do lugar, junto aos quais deve o candidato gozar de estima e crédito. Seguem-se os dotes requeridos para os diáconos, que dividiam com os presbíteros a responsabilidade pelas comunidades locais, como colaboradores. No versículo 11 deduz-se indiretamente que também as mulheres tinham certa parte na responsabilidade, como colaboradoras nas comunidades. É provável que algumas mulheres tenham ocupado o cargo de diaconisas (Rm 16,1). Aqui não se pensa numa lei do celibato, mas exige-se que os candidatos a cargos eclesiais tenham sólidas qualidades humanas.
No Evangelho (Lc 7,11-17), vemos um grande acontecimento: dois cortejos se aproximam da cidade de Naim.
– Um é formado por uma mãe viúva e seus amigos que levam um morto para a sepultura. Este cortejo é precedido por um cadáver, símbolo da humanidade que ainda não encontrou Cristo. Está a caminho do cemitério e vê a morte como uma derrota irreversível. Aqui são pessoas tristes, sem esperança que, mergulhados em situações de dor, veem esses acontecimentos como fins trágicos.
– Outro é formado por Jesus e seus discípulos, é precedido por Jesus, o ressuscitado, o vencedor da morte. Este cortejo representa a comunidade cristã radiante de alegria, em comunhão com Deus que a conduz à vida. Aqui são pessoas de cabeça erguida, firmes, decididas.
Os dois cortejos se encontram. Jesus interrompe a direção da morte, Ele se compadece da dor e das lágrimas da mãe viúva que representa toda a humanidade abatida e desesperada. Jesus visita o seu povo. Jesus está vivo na comunidade quando esta tem compaixão, é solidária, comunica a esperança. Jesus, pela comunidade, continua transformando pessoas e devolvendo-lhes o horizonte de uma vida digna e feliz. Os dois grupos glorificam a Deus: “Um grande profeta apareceu entre nós e Deus veio visitar o seu povo”. O Papa São João Paulo II nos diz: “Jesus Cristo é o rosto humano de Deus e o rosto divino do homem” (Exortação Apostólica Ecclesia in América, 67). Jesus é o rosto de Deus que ama a vida e se põe ao lado daqueles que a têm ameaçada. A Igreja, fiel ao Mestre, firma posição junto daqueles que estão com a vida em perigo. Seguir os passos de Jesus significa trilhar o mesmo caminho e assumir as mesmas atitudes. Somos convidados, em Jesus Cristo, a anunciar a esperança e o otimismo de viver a todos os que vivem o drama da dor e do sofrimento sem saída.
Concluo esta reflexão com uma manifestação do Papa Francisco que não se cansa de falar da Igreja em Saída, da igreja que deve chegar às periferias: “A Igreja é chamada a sair de si mesma e ir para as periferias, não apenas geográficas, mas também as periferias existenciais: as do mistério do pecado, da dor, das injustiças, das ignorâncias e recusa religiosa, do pensamento, de toda miséria. A Igreja ‘em saída’ é uma Igreja com as portas abertas. Sair em direção aos outros para chegar às periferias humanas não significa correr pelo mundo sem direção nem sentido” (EG, 46).
Boa reflexão e que possamos produzir muitos frutos para o Reino de Deus.
Padre Leomar Antonio Montagna é presbítero da Arquidiocese de Maringá, Paraná. Doutorando em Teologia e mestrado em Filosofia, ambos pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná – PUCPR – Câmpus de Curitiba. Foi professor de Teologia na Faculdade Missioneira do Paraná – FAMIPAR – Cascavel, do Curso de Filosofia da PUCPR – Câmpus Maringá. Atualmente é Pároco da Paróquia Nossa Senhora das Graças em Sarandi PR.