Sábado da Décima Semana do Tempo Comum. No dia de hoje a Igreja faz a Memória do Imaculado Coração de Maria. Sempre no sábado seguinte à sexta feira da Festa do Sagrado Coração de Jesus, a Liturgia da Igreja reserva este dia para celebrar a Festa do Imaculado Coração de Maria. Na verdade, Jesus e Maria nunca se separam, sobretudo porque foi ela que mais colaborou no Projeto de Deus revelado por seu filho Jesus. Ao gerar em seu ventre o Verbo de Deus fazendo-o humano, ela abre as portas da salvação que culmina aos pés da cruz, testemunhando o martírio de seu filho. Jesus e Maria, dois corações que se entrelaçam em harmonia.
No dia do Coração da Mãe, somos chamados a ter um compromisso muito sério com o nosso Planeta. O dia 17 de junho é também reservado para celebrar o “Dia Mundial de Combate à Desertificação e à Seca”. O objetivo desta data, criada pela Organização das Nações Unidas (ONU) e celebrada pela primeira vez em 1995, é alertar, sensibilizar e “conscientizar” a população de todo o mundo, sobre o processo de desertificação e os efeitos negativos que a seca provoca na vida de todas as pessoas, seja a nível regional, nacional e também mundial. Precisamos cuidar do Planeta, pois é ele que cuida de todos nós, como grande fonte para a nossa subsistência.
Jesus é tão humano quanto cada um de nós. A sua humanidade é tão genuína e original que a amplitude do Ser Divino de Deus, fez morada plena em si. Ele não veio apenas nos visitar, como uma visita de cortesia de Deus à humanidade. Ele se fez gente como a gente, estabelecendo entre nós a sua morada. Ao estar no nosso meio e ser um de nós, Ele nos concedeu a graça de sermos também divinizados como Paulo expressa em uma de usas cartas: “Vocês não sabem que são templo de Deus e que o Espírito de Deus habita em vocês? Se alguém destrói o templo de Deus, Deus o destruirá. Pois o templo de Deus é santo, e esse templo são vocês”. (1Cor 3,16-17)
Humanidade de Jesus pré-adolescente que, juntamente com os seus pais, vai à Jerusalém por ocasião da Festa da Páscoa: “Quando ele completou doze anos, subiram para a festa, como de costume”. (Lc 2,42) A Páscoa judaica é uma tradição milenar fazendo relembrar a libertação do povo hebreu da escravidão no Egito. Jesus, Maria e José se colocam na estrada e vão também cumprir a tradição hebraica de estarem presentes no Templo. Segundo a tradição do judaísmo, ao completar 12, 13 anos o jovem atinge a sua maioridade religiosa judaica. E, para marcar esta passagem, é celebrado o Bar-Mitzvá, uma cerimônia que ressalta a importância de cada um dos judeus na corrente ancestral do judaísmo.
Lucas é o evangelista por excelência que nos traz a narrativa da infância de Jesus. Como outro menino qualquer, Ele viveu a realidade histórica na Palestina, no meio de sua “família humana”. Assim, Lucas nos apresenta o caminho percorrido por Jesus como um caminho que se realiza na história humana. Para percorrer este caminho, Jesus se faz menino/homem em Nazaré, trazendo para dentro da história humana o projeto de salvação que Deus tinha revelado, conforme a promessa feita há muitos anos, no Antigo Testamento (Lc 1,68-70). O caminho de Jesus inicia o processo de libertação na história, e por isso realiza aquilo que os exegetas chamam de a nova história de salvação/libertação.
Maria acompanhou passo a passo o processo formativo de Jesus. Às vezes sem entender direito tudo o que estava acontecendo, mas sempre confiante e se entregando totalmente nas mãos de Deus. Ela trazia em seu coração de mãe, todas as angústias que qualquer mãe sente, diante de seus filhos, com uma diferença: ela se fez serva do Projeto de Deus. A cena do evangelho de hoje mostra isso, quando Jesus permaneceu em Jerusalém, no meio das autoridades, dialogando com sabedoria com estas e não retornara com os seus pais para Nazaré. Qual não foi a surpresa da mãe ao perceber que o adolescente não estava na caravana com eles.
“Maria conservava no coração todas estas coisas” (Lc 2, 51), diz a conclusão do texto de hoje. O coração da Mãe estava aberto às coisas de Deus. Lembrando que, para o povo semita, o coração é o centro das principais decisões que se tomam na vida. A ética bíblica gira em torno do conceito que eles tinham acerca do coração. É do coração que vem as principais decisões. Para o povo da Bíblia, não adianta ter a Palavra de Deus na cabeça, na mente, mas não tê-la no coração. Com a participação decisiva de Maria, Jesus vai aprendendo a viver a vida humana como qualquer outro homem. Ela sabia que não havia gerado um filho para si mesma, mas para o Projeto de Deus. É por esta e outras, que Maria é tida como o modelo do discipulado, pois ela ouvia a Palavra, guardava em seu coração e a fazia acontecer na sua ação prática. Aprendamos com Maria a sermos instrumentos nas mãos de Deus, como bem rezamos no Pai-Nosso: “Seja feita a tua vontade”.
Francisco Carlos Machado Alves conhecido como Chico Machado, foi da Congregação do Santíssimo Redentor, os Redentorista, da província de São Paulo. Reside em São Felix do Araguaia no Mato Grosso e é agente de Pastoral na Prelazia de São Felix desde 1992. Sua atividade pastoral é junto aos povos indígenas da região: Xavante, Kayabi, Karajá, dentre outros. Mestre em Educação atua na formação continuada de professores Indígenas, nas escolas das respectivas aldeias.