Jesus sempre presente

Caríssimos:

          “Jesus curou muitas pessoas de diversas doenças.” (Mc 1, 34)

          O trecho do Evangelho nos convida a refletir sobre a nossa atitude para com os doentes. A doença está sempre conosco. Ninguém está livre. Nenhuma categoria pode se sentir isenta.  Até os ricos, diante de muitas doenças, ficam sem saber o que fazer. Nem o dinheiro adianta. Não adianta ter carro importado na garage e conta alta no banco. Para o doente terminal o espaço de uma cama de hospital é quanto lhe resta.

          Jesus comove-se diante dos doentes.  Chega a identificar-se com eles: “Estava doente e viestes visitar-me.” Estava doente nas enfermarias dos hospitais ou nas casas, porque já não adiantaria os cuidados médicos.  Nos corredores do “pronto-socorro” à espera de uma vaga, que não se abre. Quem os visita? Quem lhes está perto?

          Hoje Jesus os visita e acolhe por meio de você, recepcionista do “pronto-socorro”, por meio de você, enfermeira e médico de plantão.

               Jesus Cristo quer estar presente numa política de saúde, que dignifique a pessoa e lhe dê iguais direitos a viver, a tratar-se, de ser considerada gente.

          Jesus Cristo quer estar na organização hospitalar eficiente para todos.

          Como Jesus se aproximou dos doentes e os curou por seus gestos divinos e sua Palavra poderosa, assim a Igreja, através dos séculos, promoveu obras de assistência em hospitais e casas de acolhida para idosos, inválidos e para jovens e adultos atingidos por males de todo tipo.

          Instituições de religiosas e leigos estiveram perto e ainda são válidas presenças junto de quem está passando pelo calvário do sofrimento, da marginalidade e do abandono.

          É sempre Jesus Cristo que deseja agir por meio de quem acredita na caridade, que é amor, desvelo. É atenção, é presença animadora.

          A doença não é sinal que Deus nos abandonou. Nem é um castigo pessoal.

          Não há dúvidas que o sofrimento é algo misterioso. Mas o mistério começa a tornar-se mais compreensível, quando contemplamos o Filho de Deus na cruz das dores atrozes e humanamente inexplicáveis. Mas a Ressurreição, a alegria da Páscoa, faz ver que apareceu uma nova vida. Vida, que os homens não conseguem mais eliminar: a vida eterna.

          A doença e o doente tornam-se, na visão cristã, uma escola de alta espiritualidade.

          O sofrimento ensina a amar Jesus Cristo, a perceber na carne ferida, machucada, dolorida, o mesmo que Ele sentiu na Paixão. E que Paixão! Como Cristo sofreu para cancelar o pecado do mundo, nossas dores podem, se nós queremos, juntar-se à Paixão de Cristo, para que as pessoas, hoje, voltem a Deus, deixem o caminho do mal. Então, o nosso sofrimento ajuda a preparar a Ressurreição. O sofrimento não é inútil.

          A dor ajuda a amadurecer no espírito, dá uma visão realista e justa das coisas, abre horizontes intermináveis de bondade, de paz e de perfeita alegria. Como fez Francisco de Assis, Vicente de Paulo, Camilo de Lélis, Madre Teresa de Calcutá, Irmã Dulce.

É sempre Jesus Cristo que cura, que consola, que nos diz: “Teus pecados são perdoados. Tua fé te salvou!”

 

Cartas Pastorais
Dom Giovanni Zerbini