Maria, Mãe da Igreja

Segunda feira depois de Pentecostes. A semana está iniciando e estamos ainda em clima de festa. A força inovadora do Espírito Santo se faz presente em nós, animando-nos para seguirmos em frente na nossa caminhada. Deus que “faz novas todas as coisas”, (Ap 21,5) está em nós na pessoa do Cristo Ressuscitado e também por intermédio da ação libertadora do Espírito Santo de Deus. Somos seres de luzes para brilhar no luzeiro da fé, fazendo acontecer a libertação que Deus quer com a instauração de seu Reino. Reino de amor, paz e justiça. Reino de vida para todos.

Pentecostes que significou um grande marco na vida da comunidade dos primeiros seguidores de Jesus, mas também na história da Igreja. Ali foi dado o ponta-pé inicial de uma caminhada de Igreja, sendo iluminada e guiada pela luz do Espírito Santo. Jesus, como Ser Ressuscitado, se colocando no meio da Igreja nascente trazendo a paz e promovendo o envio para a missão de dar continuidade à sua obra. O medo deu lugar à ação. Revestidos da Força do Alto, os discípulos puseram o pé na estrada, percorrendo o mesmo caminho de Jesus. Provavelmente que os primeiros seguidores de Jesus recordaram de uma das frases que está descrita no livro de Provérbios: “Lembre-se de Deus em tudo o que fizer e ele lhe mostrará o caminho certo”. (Pr 3,6)

Pentecostes foi um divisor de águas entre a catástrofe da morte e a esperança da vida nova. Nosso bispo Pedro costumava nos dizer que “para nós da América Latina, a Conferência Episcopal de Medellín (1968), foi um verdadeiro Pentecostes”. Este documento inaugurou um novo jeito de ser Igreja, ou seja, a partir dos pobres, Igreja para todos. Desta forma, os bispos nos mostraram que a missão primordial da Igreja é testemunhar e implantar na realidade humana o Reino de Deus. Uma Igreja pobre com os pobres e para os pobres, cuja missão é servir como instrumento de libertação “de toda a humanidade e de cada ser humano por inteiro”. (Medellín 5,15) Este “Pentecostes” nos fez criar uma Igreja com o DNA latino-americano e o rosto sofrido de seu povo.

Os ventos do Espírito sopram sobre nós. A liturgia desta segunda feira nos coloca diante de um cenário emblemático: “Perto da cruz de Jesus, estavam de pé a sua mãe, a irmã da sua mãe, Maria de Cléofas, e Maria Madalena”. (Jo 19,25) Três mulheres guerreiras, mais “aquele que Jesus amava”. Uma cena paradigmática, mostrando-nos que as mulheres não arredaram o pé diante do processo doloroso pelo qual Jesus passou. Pelo contrário, continuaram firmes no seu propósito de segui-lo radicalmente. A Mãe, vendo o seu Filho naquela situação extrema, sendo acompanhada solidariamente pelas outras mulheres e o discípulo fiel.

Maria que se torna ali a Mãe da Igreja nascente. A Mãe de Jesus e nossa. Recebe a incumbência de ser a mediadora entre Deus Pai, o Filho e nós. “Mulher, este é o teu filho. Depois disse ao discípulo: Esta é a tua mãe. Daquela hora em diante, o discípulo a acolheu consigo”. (Jo 19, 26-27) A Mãe de Jesus representando todo o povo da Antiga Aliança que permaneceu fiel às promessas e a espera pelo Salvador. Na pessoa do discípulo amado está representado o novo povo de Deus, formado por todos aqueles e aquelas que fazem a sua adesão ao Projeto de Deus revelado por Jesus. Na relação materno-filial mãe-filho, o texto deste evangelho de hoje quer mostrar para nós a unidade e continuação do povo de Deus como Igreja, fiel à promessa e herdeiro da sua realização.

Maria, Mãe e mestra da Igreja. Ela caminha lado a lado conosco nesta experiência de trilhar os passos de seu Filho. Se Maria é esta mulher forte e destemida que desde os primórdios do cristianismo caminha com a Igreja, no Concílio Vaticano II (1962-1965) ela recebeu um destaque especial. Fazendo uso da dimensão antropológica, o Concílio fez realçar o lado humano da Mãe de Jesus, mostrando-a como mulher livre e de fé, pessoa consciente e responsável, que cooperou ativamente e diretamente no projeto salvífico de Jesus de Nazaré. A Constituição Dogmática Lumen Gentium sobre a Igreja no seu capitulo VIII nº 68, fez questão se salientar Maria como sinal de Esperança e consolação: “Entretanto, a Mãe de Jesus, assim como, glorificada já em corpo e alma, é imagem e início da Igreja que se há de consumar no século futuro, assim também, na terra, brilha como sinal de esperança segura e de consolação, para o Povo de Deus ainda peregrinante, até que chegue o dia do Senhor” (cfr. 2 Ped. 3,10). “Maria, estrela da manhã e sol de nossas vidas”

Maria Ecologia

 


Francisco Carlos Machado Alves conhecido como Chico Machado, foi da Congregação do Santíssimo Redentor, os Redentorista, da província de São Paulo. Reside em São Felix do Araguaia no Mato Grosso e é agente de Pastoral na Prelazia de São Felix desde 1992. Sua atividade pastoral é junto aos povos indígenas da região: Xavante, Kayabi, Karajá, dentre outros. Mestre em Educação atua na formação continuada de professores Indígenas, nas escolas das respectivas aldeias.