Matrimônio e família em questão!

Casamento ou Matrimônio?

O casamento é uma das tradições humanas mais antigas e disseminadas pelo mundo, mas é comumente associado à imagem do cristianismo e, mais especificamente, à Igreja Católica. Atualmente, ele é visto como uma ação, contrato, formalidade ou cerimônia que deve ser realizado para estabelecer uma união conjugal, em que os envolvidos têm como propósito a vida em conjunto. Essa vida comum envolve o compartilhamento de interesses, atividades e responsabilidades entre as partes envolvidas.

A entidade do casamento é tão antiga que já acontecia entre os sumérios, dita como a civilização mais antiga do mundo (localizada na mesopotâmia). Quem escolhia o marido era o pai ou, na falta desse, o irmão mais velho da mulher, já o homem poderia escolher sua esposa, assim como os seus pais também poderiam escolher a futura nora. Basicamente era realizado um acordo entre as famílias dos cônjuges. Apesar da cultura monogâmica dos sumérios, o homem poderia, em casos específicos, ter outra esposa[1].

A expressão matrimônio veio utilizada pela Igreja Católica a partir da narração bíblica no livro das origens, ou seja, no livro do Gênesis: “E Deus criou o ser humano à sua imagem; à imagem de Deus os criou. E Deus os abençoou e disse-lhes: ‘Sede fecundos e multiplicai-vos, enchei a terra e submetei-a!’( Gn 1, 27-28)”; “Por isso, o homem deixará seu pai e sua mãe e se unirá à sua mulher, e eles se tornarão uma só carne (Gn 2, 24)”. Estas passagens foram reafirmadas por Cristo nos evangelhos e ainda acrescentada o seu valor indissolúvel: “Por isso, o homem deixará pai e mãe e se unirá à sua mulher, e os dois se tornarão uma só carne. De modo que eles já não são dois, mas uma só carne. Portanto, o que Deus uniu, o homem não separe (Mt 19, 5-6; Mc 10, 7-9)”.

A íntima comunidade da vida e do amor conjugal foi fundada pelo Criador e dotada de leis próprias […]. O próprio Deus é o autor do matrimônio. A vocação para o matrimônio está inscrita na própria natureza do homem e da mulher, tais como saíram das mãos do Criador. O matrimônio não é uma instituição puramente humana, apesar das numerosas variações a que esteve sujeito no decorrer dos séculos, nas diferentes culturas, estruturas sociais e atitudes espirituais. Tais diversidades não devem fazer esquecer os traços comuns e permanentes. Muito embora a dignidade desta instituição nem sempre e nem por toda a parte transpareça com a mesma clareza, existe, no entanto, em todas as culturas, um certo sentido da grandeza da união matrimonial. Porque a saúde da pessoa e da sociedade está estreitamente ligada a uma situação feliz da comunidade conjugal e familiar” (CaIC, n. 1603)”.

Deste modo, a Igreja Católica considerando o valor natural e divino do casamento evidenciado nas passagens bíblicas o reconhece não apenas como um ato social, ou contrato familiar, mas como uma instituição divina, ou seja, o ato de Deus acolher o consentimento trocado entre as partes. Assim, este consentimento é depositado e passa a fazer parte do mistério divino, ou seja, se torna sacramento.

[1] Cf. COSMOS JR. P. Qual a origem do matrimônio. In: www.jusbrasil.com.br.

 


Vanderley Itcak, Graduado em Filosofia, Teologia, com especialização em Filosofia e Mestrado em Direito Canônico. Juiz Auditor no Tribunal Diocesano de Palmas – Francisco Beltrão PR.