Deus está presente em nossas vidas! Esta é uma certeza que carregamos ao longo da nossa história. Dificilmente vamos encontrar pessoas que não tenham em si alguma concepção de Deus. Mas, de qual Deus estamos falando mesmo? Será que temos uma mesma ideia deste Deus? Dentro da diversidade de pensamento que temos entre nós, o Deus que cultuamos é o mesmo Deus?
As principais ideias que nos chegaram dos deuses foi a partir da cultura grega. A sua mitologia está povoada por várias entidades deuses, cada qual deles com uma missão aqui na terra. Também os povos indígenas nos trazem um legado fantástico de entidades mitológicas, xamânicas, que muitos de nós ainda não conseguimos adentrar e conhecê-los para também respeitar esta riqueza de diversidade. Como me disse certa feita o cacique Megaron Txucarramãe, uma das mais importantes lideranças Kayapó, aqui da Terra Indígena do Xingu: “Deus é a supremacia maior da nossa Mãe Natureza.” Frase que ficou gravada na minha memória.
Talvez o mais conhecido destas entidades seja aquilo que nos foi trazido pelos povos da cultura Tupi-Guarani, que é Tupã. Este deus é considerado por eles como o senhor do relâmpago, do raio e do trovão. Um deus magnífico e todo poderoso que trás a ideia de ser o criador da terra, dos mares, dos céus e dos mundos animal e vegetal. Ou seja, para os Tupi-Guarani, Tupã é o deus supremo, semelhante a ideia que os cristãos tem de Deus criador.
Em si tratando da questão de Deus, uma frase que ficou muito famosa, atribuída ao velho Karl Marx foi “A religião é o ópio do povo”. Entretanto, esta frase aparece na Introdução à Crítica da Filosofia do Direito, do filósofo germânico Georg Wilhelm Friedrich HEGEL. Daí advém também a ideia do não acreditar em Deus, muito presente no ateísmo e que gera grande celeuma aversão às pessoas. Mas de qual deus estes pensadores estavam falando naquele contexto?
Aproveitando do ensejo, esta pergunta nos vem hoje: qual é a nossa ideia que temos de Deus? O Deus que acredito e sigo é o mesmo Deus que nos revelou Jesus? A narrativa bíblica nos mostra e ensina que Deus procura os verdadeiros adoradores, que o adore em espírito em verdade como o próprio evangelista João nos diz. Ou seja, o Deus que eu acredito, é um SER que quer ser visto não pelo o que Ele tem, mas sim pelo que Ele É e representa para nós. Um Deus profundamente identificado com os pequenos, com os desprezados, com o resto que sobrou desta sociedade que ai está.
O meu eu ateu é aquele que se recusa a acreditar no deus do capital (Mamon). O deus que explora os pequenos e suga o sangue do inocente. O deus da riqueza que flerta com o machismo, o xenofobismo, autoritarismo e toda forma de preconceito. O meu eu ateu se recusa a compactuar com este deus que não consegue enxergar a realidade de sofrimento dos pobres e daqueles que arquitetam a morte dos inocentes vulneráveis. Um deus que exclui os pequenos de participar da mesa farta dos opulentos que concentram em si toda a riqueza produzida pelos pequenos.
O Deus em quem acredito não é só meu, mas nosso. Um Deus extremamente misericordioso, paciente e não se importa quantas vezes eu possa cair. Importante saber que as suas mãos estão sempre estendidas para que eu levante e prossiga na minha caminhada, uma vez que Ele quer é que eu prossiga em frente, pisando firme no chão desta terra. Um Deus que ultrapassa toda e qualquer definição que se tenha dele. Ele é para mim é o meu pai, minha mãe, enfim a minha vida. Ele é antes de tudo, a razão de eu existir, e de estar aqui e agora. ELE é vida, Certeza, bondade, alegria e paz.
Nosso Deus é o Deus do impossível. Não importa por quais caminhos eu caminhar, desde que tenha em mente dar o melhor de mim para que o outro possa também caminhar na dignidade dos filhos de Deus. Os tempos são difíceis, mas a persistência e a teimosia devem ser nossas companheiras nesta estrada. Se assim o fizermos, Deus vai estar sempre conosco. E como nos dizia Raul Seixas em sua canção: “Não diga que a vitória está perdida. Tenha fé em Deus, tenha fé na vida. Tente outra vez!”