Missão de escutar e agir

Sábado da Décima Sexta Semana do Tempo Comum. A Igreja Católica está em festa. No dia de hoje, celebramos a Memória de Marta, Maria e Lazaro. Os três irmãos que fazem a acolhida de Jesus em sua casa, demonstrando todo carinho e afeto ao Mestre Galileu. Anteriormente, esta festa fazia referência apenas a Marta e Maria, entretanto, o Papa Francisco quis diferente e colocou Lázaro no meio delas. Através do decreto da Congregação para o Culto Divino, Francisco promulgou a instituição da celebração dos santos irmãos Marta, Maria e Lázaro no Calendário Romano Geral da Igreja. Desta forma, a Igreja Católica Universal celebra todos os anos no dia 29 de julho a memória dos três irmãos de Betânia juntos no mesmo dia.

Três pessoas, três vidas que selaram o seu compromisso com Jesus de segui-lo, por onde quer que Ele fosse. Marta, Maria e Lázaro acolheram Jesus em sua casa como um amigo comum. Aliás, este foi o argumento utilizado pelo Papa Francisco para celebrar os três irmãos, a um só tempo: “considerando o importante testemunho evangélico dos três irmãos, que ofereceram ao Senhor Jesus a hospitalidade da sua casa, prestando-lhe uma atenção dedicada, e acreditando que Ele é a ressurreição e a vida” e “acolhendo a proposta deste Dicastério, decidiu que no dia 29 de julho seja inscrito no calendário Romano Geral a memória dos Santos, Marta, Maria e Lázaro”.

Qual é o valor de uma amizade? Cada pessoa que, certamente, tem os seus amigos saberá responder a esta pergunta com tranquilidade. O valor de uma amizade está relacionado àquilo que cada um dos amigos representa em nossas vidas. Quanto vale a vida de uma pessoa que chamamos de amigo/a em nossa vida? Necessitamos dos nossos amigos e das amigas. Eles e elas fazem parte das nossas vidas e caminham conosco lado a lado. Com Jesus também não foi diferente. Ele tinha vários amigos, inclusive, de níveis diferentes de intimidade. Eram seus discípulos, é verdade, mas eram mais do que isso, eram seus amigos. Dentre eles, tinham três amigos mais próximos: Pedro, Tiago e João. Tanto que, em algumas ocasiões, Ele levou apenas esses três consigo, como Mateus nos atesta: “Seis dias depois, Jesus tomou consigo Pedro, os irmãos Tiago e João, e os levou a um lugar à parte, sobre uma alta montanha.” (Mt 17,:1). Ele tinha uma intimidade especial com eles e confiava.

A liturgia deste sábado nos oferece duas possibilidades de leitura: Jo 11,19-27 e Lc 10,38-42. Ambas, com suas especificidades, mas culminando num só objetivo, de evidenciar a relação de amorosidade entre aqueles amigos de Jesus. No texto joanino, o realce está na condição de Lázaro que havia morrido e sua irmã recorda a Jesus que se Ele ali tivesse estado seu irmão não teria partido para junto do Pai. Como Jesus é a Ressurreição e a vida, Ele garante à Marta que Lázaro ganharia a vida novamente, e permitindo à ela fazer uma das mais belas declarações de fé: “Sim, Senhor, eu creio firmemente que tu és o Messias, o Filho de Deus, que devia vir ao mundo”. (Jo 11,27)

Já na segunda opção de leitura, a Comunidade Lucana nos coloca diante da situação em que Marta oferece generosamente a Jesus a hospitalidade, enquanto Maria ficou ouvindo atentamente as suas palavras. Duas realidades distintas, mas que se complementam. De um lado a Diaconia, palavra de origem grega “diáconos” (alguém que serve), diakonia (serviço) e como verbo diakoneo (servir). Aquele ou aquela que serve; e de outro a escuta atenta da Palavra. A escuta é um dom de Deus, de quem se abre no intuito de exercitá-la na missão. A sabedoria vem pelos ouvidos, justamente por meio da escuta atenta e sincera, chegando ao coração, antes se se transformação em ação.

Jesus vai nos mostrar que, mais importante do que fazer as coisas, é fazê-las de modo novo. Para isso, é preciso ouvir atentamente a Palavra dEle, que nos orienta o que devemos fazer e como fazer. A oração, a adoração, o louvor, a escuta da Palavra são importantes, mas precisam ser complementados com a ação. A atitude primeira é a escuta da Palavra que nos moverá a ação. Quem muito ama, muito faz, pois não consegue ter somente para si este muito amar. Neste sentido, São João nos dá dica fabulosa na Primeira Leitura deste sábado quando ele assim nos diz: “Caríssimos, amemo-nos uns aos outros, porque o amor vem de Deus e todo aquele que ama nasceu de Deus e conhece Deus. Quem não ama, não chegou a conhecer Deus, pois Deus é amor. (1Jo 4,7-8)

 


Francisco Carlos Machado Alves conhecido como Chico Machado, foi da Congregação do Santíssimo Redentor, os Redentorista, da província de São Paulo. Reside em São Felix do Araguaia no Mato Grosso e é agente de Pastoral na Prelazia de São Felix desde 1992. Sua atividade pastoral é junto aos povos indígenas da região: Xavante, Kayabi, Karajá, dentre outros. Mestre em Educação atua na formação continuada de professores Indígenas, nas escolas das respectivas aldeias.