Mulher

Não tenho dificuldade alguma de falar sobre a MULHER. Sinto-me muito a vontade para executar tal tarefa. A mulher sempre marcou a minha vida. Foi assim desde o meu nascimento. Foi assim também ao longo da vida, com tantas mulheres que me rodeavam. Contando com a minha mãe, eram 11 mulheres. Aprendi muito cedo com essa mulherada, desde o RESPEITO para com este SEXO FORTE, até feminilidade com a qual passei a ver a vida. E ver a vida pela ÓTICA FEMININA, é outra história!

Iniciei os meus estudos como toda criança na idade certa. Lá fui eu para o Grupo Escolar Simeão Ribeiro dos Santos. Eu não sabia o que era PAIXÃO, mas apaixonei-me pela minha primeira professora. Eu amava estudar, mas eu ia para escola para ver e estar com aquela mulher aquelas boas horas que passava ali. E eu era correspondido naquele meu “amor”, pois ela também gostava muito de mim. Talvez por causa desta relação afetiva tão pueril, a primeira palavra que aprendi a escrever no meu processo de alfabetização foi a palavra MULHER. O dia que consegui escrever esta palavra, meu mundo de criança se iluminou e eu saí escrevendo por todos os lados aquela palavra mágica.

Como não se encantar pelas mulheres? Eu me encantei por várias delas, que foram marcando a minha trajetória de vida, etapa por etapa. Havia uma frase que sintetizava tudo aquilo que eu sentia pelas mulheres da minha vida: “Se Deus criou/inventou algo melhor que a mulher, então ficou para ELE.”

Com certeza, não fossem as mulheres, este velho mundo seria muito chato e triste. Elas, com o seu jeito próprio de ser, fazem este mundo ser bem melhor. Dão aquele toque de beleza em tudo que põem a mão. E quando me refiro a beleza, não estou dizendo aquilo que se convencionou chamar de beleza, aquela coisa padronizada, que a mídia vive a perpetuar. Estou me referindo a beleza na sua totalidade. Aquela beleza que brota de dentro e se expande sobre todo o corpo de mulher. Sim, porque tem mulheres que são lindas, aparentemente, mas não conseguem trazer de dentro de si esta beleza que vai na sua essência de mulher.

Dentre tantas mulheres que foram me marcando a minha história, depois da minha mãe, foi a MÃE DE JESUS. Mas, por incrível que pareça, eu nunca consigo relacionar com esta grande mulher, com aqueles títulos que eu sempre achei enfadonhos e chatos: “MARIA SANTÍSSIMA”, “CASTÍSSIMA”, “VIRGEM MARIA”, “PURÍSSIMA.” Eu sempre vi essa mulher como uma grande GUERREIRA, que passou por cima de toda uma sociedade extremamente MACHISTA e PATRIARCAL, para fazer valer o seu sonho de mulher. Uma mulher que não se acovardou e nem se INTIMIDOU perante toda uma história, para fazer acontecer, a partir de si, todo um projeto idealizado por Deus. Esta é a mulher que eu sempre soube admirar, como um modelo de mulher.

Sem sombra de dúvidas que a vida de MARIA não foi nada fácil. Romper com tudo e se fazer PROTAGONISTA do PROJETO DE SALVAÇÃO. O texto que lemos no evangelho de hoje é um exemplo disso. A narrativa de João coloca Maria aos pés da cruz de seu filho, num dos momentos mais difíceis para qualquer mãe, mesmo sendo esta grande mulher: “Perto da cruz de Jesus, estavam de pé a sua mãe, a irmã da sua mãe, Maria de Cléofas, e Maria Madalena.” (Jo 19, 25) Amou até as últimas conseqüências e não fugiu da luta. Que mulher! Como não admirar esta mulher? Uma mulher sofrida que veio do meio do povo.

Vinicius de Moraes é um poeta fabuloso. Poucos fizeram apologia às mulheres como o Poetinha. Mas sou obrigado a discordar deste poeta, quando em umas de suas canções ele diz: “Que me perdoem as feias, mas beleza é fundamental…” Sim, porque a beleza é muito relativa. O que pode ser feio para mim, haverá alguém que achará bonito. Há até um dito popular que fala sobre isso: “Quem ama o feio, bonito lhe parece.” Eu não saberia viver num mundo em que não houvesse presença destes seres encantados, que é a presença feminina. Sou muito grato a Deus por ter tido tantas mulheres interessantes em minha vida e que me ajudaram a tecer o meu jeito de ser, que é masculino, mas que é também feminino. VIVA A MULHER!