Reflexão Litúrgica: Quinta-feira, 25/05/2022,
VII Semana do Tempo Pascal
Na Liturgia desta quinta-feira da VII Semana do Tempo Pascal, vemos, na 1a Leitura (At 22,30;23,6-11), que o apóstolo Paulo enfrenta o Sinédrio e o sumo sacerdote, como fez o próprio Jesus. O Sinédrio é composto de saduceus e fariseus. Paulo se vale da rivalidade entre os dois grupos para provocar entre eles um conflito no tribunal. Os fariseus, que acreditam na ressurreição, tomam a defesa de Paulo. Novo tumulto, e o oficial torna a recolher Paulo no cárcere, onde o apóstolo tem outra visão: Jesus o reanima, apontando pela segunda vez que seu destino é mesmo ir a Roma.
Paulo irá, sim, a Roma, mas acorrentado. Dará testemunho do evangelho, não tanto com a palavra e com a ação, como o fizera até então com pregações que levavam o povo a grandes conversões, mas sobretudo com a prisão e o derramamento do próprio sangue. Paulo entrega sua vida por causa da fé, não coloca sua esperança para esta vida, mas sim na ressurreição. Na Leitura de 2Tm 4, 6-18, Paulo faz um balanço de sua vida:
“Quanto a mim, estou a ponto de ser imolado e o instante da minha libertação se aproxima. Combati o bom combate, terminei a minha carreira, guardei a fé”. Importante perceber que Paulo não revela amargura (nas dificuldades, ninguém o assistiu), vê na morte a libertação definitiva, está sereno, se abandona nas mãos de Deus, sempre se colocou à disposição por causa do evangelho: “Infeliz de mim! Fadigas, açoites, cadeias, perigos! Quem me libertará deste corpo de morte? Sei em quem acreditei!” (2Tm 1, 12).
No Evangelho (Jo 17,20-26), vemos que a união existente entre o Pai e o Filho deve ser o modelo que inspira a solidariedade entre os irmãos nas comunidades, no presente e no futuro. Só assim o testemunho cristão terá credibilidade e poderá enfrentar as armadilhas que o mundo continuamente lhe preparará.
É consolador para nós cristãos pensar que Jesus orou também por nós, por nossa fé, nossa santidade, nossa unidade. Sua palavra e sua prece atravessa os séculos. A palavra de Deus continua a viver na boa-nova que a Igreja vive e transmite aos discípulos de todos os tempos. A unidade pela qual Jesus reza é primeiro sinal da continuidade desta revelação vivificante, por meio dos séculos, que nos permite chegar, num contato permanente e direto, às fontes puras e saudáveis de nossa fé. Esta continuidade é um reflexo, no espaço e no tempo, da unidade do Pai e do Filho. Na unidade do amor, as comunidades cristãs são o sacramento ou expressão da presença atuante de Jesus.
Boa reflexão e que possamos produzir muitos frutos para o Reino de Deus.
Padre Leomar Antonio Montagna é presbítero da Arquidiocese de Maringá, Paraná. Doutorando em Teologia e mestrado em Filosofia, ambos pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná – PUCPR – Câmpus de Curitiba. Foi professor de Teologia na Faculdade Missioneira do Paraná – FAMIPAR – Cascavel, do Curso de Filosofia da PUCPR – Câmpus Maringá. Atualmente é Pároco da Paróquia Nossa Senhora das Graças em Sarandi PR.