Na Liturgia deste V Domingo da Páscoa, vemos, na 1a Leitura (At 9,26-31), a volta de Paulo a Jerusalém, depois da conversão e das dificuldades por ele encontradas para integrar-se na comunidade cristã. O caminho da integração da vida requer determinação e paciência. A comunidade precisa ter o coração aberto a novos membros que vêm de experiências diferentes, Deus não nos pede licença para agir diferente da forma que pensamos, rezamos e agimos. Cristianismo não é só um encontro pessoal com Jesus Cristo, mas também uma experiência de partilha da fé e do amor com as pessoas.
Na comunidade, não existe só perseguição, o texto mostra as comunidades em paz e em comunhão de amor. Para crescer na fé e viver bem em comunidade, temos que ter as seguintes características, que estavam presentes no Apóstolo Paulo:
– Encontrar-se com o Senhor;
– Escutar a Palavra, dialogar com Deus e com as pessoas;
– Permanecer em oração;
– Mudar atitudes e agir com humildade, sem resistências diante das adversidades;
– Comungar a vida, o espírito de partilha e o compromisso com o projeto do Reino de Deus.
Na 2ª Leitura (1Jo 3,18-24), o Apóstolo João destaca que o verdadeiro amor não se manifesta apenas com palavras, mas também e, principalmente, com gestos concretos, sinal seguro de que o Espírito de Cristo permanece em nós. Uma das exigências para ser um bom cristão é o testemunho de vida. Não haverá humanidade nova, se não houver, em primeiro lugar, pessoas novas que firmaram suas vidas na potência divina. “O homem contemporâneo escuta com melhor boa vontade as testemunhas do que os mestres, ou, então, se escuta os mestres, é porque eles são testemunhas”, já dizia o Papa Paulo VI (Exortação Apostólica Evangelii Nuntiandi sobre a Evangelização no Mundo Contemporâneo, 41). A dimensão horizontal da vida se torna, assim, critério da dimensão vertical, isto é, geralmente, se vive, como se reza. Se rezamos bem, viveremos bem, caso contrário, devemos ver a forma que estamos rezando, pois é impossível fazer a experiência de Deus e viver uma vida incoerente com a fé que professamos. Crer em Deus é dar crédito a Ele como valor absoluto, por ele fazemos o bem, somos capazes de renúncias, sacrifícios e gestos heroicos. Quando amamos a Deus de forma absoluta, somos livres e ninguém nos tirará essa alegria, amaremos as pessoas não porque necessariamente merecem, mas porque obedecemos a Deus, Ele determina o nosso agir.
No Evangelho (Jo 15,1-8), o povo de Deus é apresentado sob a imagem agrícola da vinha. O critério para saber se existe comunhão com Deus são os frutos, manifestados pela observância dos mandamentos e pelo amor fraterno. Algumas questões fundamentais deste evangelho: Que frutos produzimos para o projeto do Reino? É possível viver a fé sem vínculo com a comunidade? O Apóstolo Paulo, após a experiência com o ressuscitado, viveu sozinho ou em comunidade? Diante dos fracassos dos outros, como nos comportamos? Depois que entrei para determinado seguimento pastoral, aumentou a caridade em mim, sou mais humilde, sou fiel ao dízimo? Sempre comento com alguns irmãos no ministério e com alguns seminaristas que duas coisas que admiro nos consagrados e, também, nos líderes cristãos são: se são trabalhadores e se vivem a caridade, pois alguns sabem tudo de ritos litúrgicos, de baixar a cabeça, erguer a cabeça etc., mas se esquecem de que a maior virtude é a caridade. Em comunidade, podemos nos digladiar em debates calorosos, discordar nas ideias, defender nosso ponto de vista, mas, acabando este momento, amar a pessoa como ícone de Deus. Se, por causa de uma discussão, nos fecharmos aos outros, é sinal de grande imaturidade. “Nas coisas essenciais, a unidade; nas coisas não essenciais, a liberdade; em todas as coisas, a caridade (Santo Agostinho).
Boa reflexão e que possamos produzir muitos frutos para o Reino de Deus.