“Ninguém rirará a alegria de sermos livres… É para a liberdade que Cristo nos criou” (Jo 16,22 e Gl 5,1)

Reflexão litúrgica: segunda-feira, 06/03/2023
2ª Semana da Quaresma

 

Na Liturgia desta segunda-feira, 2ª Semana da Quaresma, vemos, na 1a Leitura (Dn 4b-10), uma súplica humilde de confissão dos pecados de todo Israel. A situação de culpa invade a inteira nação, em seus vários componentes sociais. Será que poderíamos aplicar esse conteúdo também a nossa nação brasileira? Mas, como sempre na Bíblia, apesar da culpa das pessoas prevalece a esperança, porque fundada em Deus misericordioso e fiel.

 O Evangelho (Lc 6,36-38) revoluciona o campo das relações humanas, mostrando que, numa sociedade justa e fraterna, as relações devem ser gratuitas, à semelhança do amor misericordioso do Pai. Diante de uma cultura de morte: “dente-por-dente e olho-por-olho”, Jesus usa imagens fortes para dizer que não somos juízes, que também somos fracos e pecadores, e oferece alguns conselhos práticos que, se seguidos, certamente beneficiarão a nós mesmos. Se a vida em sociedade é feita de relacionamentos de interesses e reciprocidade que geram lucro, poder, prestígio e violência, o que vamos seguir: os ensinamentos de Jesus ou esse contágio ideológico?

Somos chamados a olhar o outro como Deus o vê, não como inimigo, mas com misericórdia. Podemos discordar, combater posições, mas amar a pessoa. Não deixemos que os maus determinem o nosso modo de agir e nos contagiem. Jesus é o Senhor da minha vida, por causa Dele que amamos, perdoamos e somos livres, ninguém nos tirará a alegria de sermos livres. Enfim, se amar ‘os nossos’ já é difícil, então, e os chatos, os intragáveis? Não os amaremos se contarmos somente com nossas forças, temos que contar com a força do alto, o Espírito santo virá em nosso socorro.

Concluindo, podemos pensar: Se Jesus ofereceu tudo o que tinha de melhor (o reino) aos pobres, fracos, aflitos, rejeitados… e nós e a sociedade, o que lhes damos? Podemos dizer que estamos honrando o nome de cristãos? Numa sociedade individualista, materialista, hedonista, violenta e preconceituosa, ainda tem lugar a proposta de Jesus? Agimos obedecendo absolutamente a Deus ou ao nosso ego, nossas ideias, acontecimentos ou alguma palavra de algum repórter policial ou de algum líder que quer combater a violência implantando os mesmos métodos violentos?

Boa reflexão e que possamos produzir muitos frutos para o Reino de Deus.

 


Padre Leomar Antonio Montagna é presbítero da Arquidiocese de Maringá, Paraná. Doutorando em Teologia e mestrado em Filosofia, ambos pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná – PUCPR – Câmpus de Curitiba. Foi professor de Teologia na Faculdade Missioneira do Paraná – FAMIPAR – Cascavel, do Curso de Filosofia da PUCPR – Câmpus Maringá. Atualmente é Pároco da Paróquia Nossa Senhora das Graças em Sarandi PR.