Nossa responsabilidade em fazer a diferença diante de um mundo degenerado

Reflexão litúrgica: sexta-feira, 03/03/2023
1ª Semana da Quaresma

 

Na Liturgia desta sexta-feira, 1ª Semana da Quaresma, na 1a Leitura (Ex 18,21-28), o profeta Ezequiel nos chama a atenção quanto à boa conduta e quanto à nossa responsabilidade em fazer a diferença diante de um mundo degenerado. A pergunta que nos vem é sobre a causa da má conduta ou o porquê do consentimento ao mal, às vezes, de forma coletiva, que constatamos em nossa realidade. O Papa São João Paulo II nos ajuda a responder esta questão:

“O consentimento ao mal, que é um sinal preocupante de degeneração, intelectual, espiritual e moral não só para os cristãos, está produzindo, em numerosos contextos, um desconcertante vazio cultural e político, que torna incapazes de mudar e renovar. Enquanto as relações sociais não mudarem e a justiça e solidariedade permanecerem ausentes e invisíveis, as portas do futuro fecham-se e o destino de tantos povos fica aprisionado num presente cada vez mais incerto e precário” (Pontifício Conselho Justiça e Paz. Para uma melhor distribuição da terra – o desafio da reforma agrária, 1998, nº 61).

No Evangelho (Mt 5,20-26), vemos o programa de vida de Jesus e que, também, deve ser de todo cristão. Este texto se encaixa dentro do Sermão da Montanha (Mt 5-7), um resumo dos ensinamentos de Jesus a respeito do Reino e da transformação que esse Reino produz. Jesus se apresenta como novo Moisés, proclamando, sobre a montanha, a vontade de Deus que leva a libertação ao ser humano.

Nestes ensinamentos, Jesus exige que as pessoas sejam verdadeiras e responsáveis em seus relacionamentos e que os discípulos sejam promotores da paz e da reconciliação.

Encontrar-se com Cristo e segui-lo não é um conjunto de preceitos. Amar a Deus não é um fardo, mas uma oportunidade de demonstrar nossa fidelidade com verdadeiras obras de caridade. “Eis que venho fazer, com prazer, a vossa vontade, Senhor!” (Hb 10, 7).

 O Sermão da Montanha, nesse trecho, nos ensina que a vida espiritual não está num catálogo de normas perfeitas que proíbem as más ações, mas na limpeza da fonte de todas as ações: o coração, pois, dele procedem assassinatos, adultérios, prostituições, falsos testemunhos e difamações.

Neste Evangelho, Jesus nos ensina a lei do amor e os valores que elevam a vida em comunidade. Diante de nossa realidade, quanto desamor, quantas pessoas estão mortas, para nós. “Se houvesse um raio x capaz de mostrar o cemitério que criamos dentro de nosso coração, nós nos assustaríamos”. Peçamos a Deus a cura do coração: “Cura, Senhor! Cura, Senhor! Com teu amor”.


Padre Leomar Antonio Montagna é presbítero da Arquidiocese de Maringá, Paraná. Doutorando em Teologia e mestrado em Filosofia, ambos pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná – PUCPR – Câmpus de Curitiba. Foi professor de Teologia na Faculdade Missioneira do Paraná – FAMIPAR – Cascavel, do Curso de Filosofia da PUCPR – Câmpus Maringá. Atualmente é Pároco da Paróquia Nossa Senhora das Graças em Sarandi PR.

Boa reflexão e que possamos produzir muitos frutos para o Reino de Deus.