Curitiba, 17 de março de 2021
“No mundo tereis tribulações, mas tende coragem: eu venci o mundo” (Jo 16,33)
Nós, bispos do Paraná, estivemos reunidos em assembleia virtual nos dias 15 e 16 de março para refletir e discutir sobre a caminhada pastoral da Igreja e os desafios do nosso povo. Vivemos um período longo de grandes tribulações, provocado pela pandemia da Covid-19, com consequências sociais, econômicas, espirituais e psicológicas. Diante desse contexto desolador, nós queremos dirigir nossa mensagem de esperança, coragem e proximidade a todas as pessoas de boa vontade em nosso estado.
Dirigimo-nos, primeiramente, ao senhor governador do Estado do Paraná, Carlos Massa Ratinho Júnior, e aos seus secretários, convidando-os a usar todos os expedientes possíveis para conter o avanço da pandemia, ainda que isso exija medidas mais rigorosas. Asseguramos-lhes que contarão com todo nosso apoio. Quando está em jogo a vida nenhum outro temor pode limitar o cuidado e toda ação efetiva deve ser acionada. Temos consciência de que esta é uma tarefa muito difícil, pois além de cuidar da saúde, é preciso salvaguardar a economia, a educação, a segurança e o bem-estar de todo povo. Exortamos que, neste momento, o bem comum e integral de todos seja o objetivo principal de vossa gestão governamental. Recordamos a nobreza da vossa missão com as palavras do Papa Francisco: “A grandeza política mostra-se quando, em momentos difíceis, se trabalha com base em grandes princípios e pensando no bem comum a longo prazo” (Laudato Sí, 178).
Manifestamos nosso total apoio ao “Pacto pela Vida e pelo Brasil”, assumido pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e entidades da sociedade civil. Unimos nossa voz a tantas vozes lúcidas da sociedade para exigir do Governo Federal uma postura firme, articulada com os Governos Estaduais e Municipais, para proteger a vida. Nesse momento grave da nossa história, é preciso cooperação, união e diálogo para buscar a solução, assumindo, seriamente, o que nos indica a Ciência. É nosso direito exigir celeridade na compra das vacinas e que elas sejam acessíveis para todos, pois este é, hoje, o único remédio eficaz contra o vírus.
Em segundo lugar, expressamos nossa gratidão e incentivo aos profissionais de saúde, especialmente, àqueles que, há mais de um ano, trabalham na linha de frente do combate à pandemia. Vocês têm sido como um escudo a combater esse vírus, com valentia, resiliência e heroísmo. Nesse momento, como nunca, a profissão de vocês é uma missão nobre. Sabemos que muitos perderam a vida e outros estão exaustos nessa batalha que parece não ter fim. Pedimos, no entanto, que não percam a coragem e a esperança de dias melhores. Vocês são prioridade em nossas orações!
Nossa gratidão se estende também a tantos profissionais que prestam serviços essenciais à população, como: os atendentes dos supermercados, das farmácias, das padarias, os motoboys, os (as) motoristas, os agentes de segurança, os que trabalham na limpeza dos hospitais e das vias públicas. Pelo risco que correm, diariamente, exercendo essas funções que não tem a opção de parar, o trabalho de vocês se torna ainda mais nobre e digno. Contem com nossas orações.
Por fim, dirigimo-nos a todo o povo de Deus, pedindo que permaneçam firmes na fé, na confiança e na esperança de que essa tribulação vai passar. Pedimos, encarecidamente, que sigam à risca todas as recomendações das autoridades sanitárias. Exortamos, especialmente, aos jovens a assumirem o compromisso do cuidado com a própria vida e a de seus familiares, sabemos que essas exigências são um sacrifício para vocês, mas sejam corajosos e as assumam por amor a Deus e ao próximo. Precisamos que cada um faça a sua parte para impedir que o vírus se espalhe. Lembremos que cuidar da vida é um princípio da nossa fé cristã.
Como povo de Deus, nesse tempo quaresmal, intensifiquem as orações por todos que se encontram nos leitos dos hospitais, pelos profissionais da saúde, pelos governantes e também pelo descanso eterno de tantas pessoas que tiveram a vida ceifada nessa pandemia. Agradecemos ao serviço incansável dos sacerdotes, diáconos, religiosos e religiosas em se fazer próximos ao povo, assistindo-os no âmbito espiritual e também no material, em muitos casos. É tempo de nos darmos as mãos, como membros da mesma família humana, a fim de vencermos essa exaustiva batalha contra o vírus e podermos retomar nossas vidas.
É Jesus quem nos pede coragem diante dos momentos de tribulação. Olhemos para sua cruz e, com esperança, vislumbremos os sinais de ressurreição. Que Nossa Senhora do Rosário do Rocio, rainha e padroeira do estado do Paraná, nos proteja, nos console e nos encoraje nesse momento de tribulação.
Dom Geremias Steinmetz
Arcebispo de Londrina e Presidente do Regional Sul 2
Fonte – CNBB