Reflexão Litúrgica: Quinta-feira, 12/05/2022,
IV Semana da Páscoa
Na Liturgia desta quinta-feira da IV Semana da Páscoa, vemos, na 1a Leitura (At 13,13-25), que Paulo, ante um público judaico, faz seu primeiro pronunciamento missionário que reflete a estrutura de sua catequese. A ideia chave é a salvação, fruto da ressurreição de Cristo. É uma palavra de exortação, uma recordação dos grandes feitos de Deus na história da salvação, em favor de Israel e em vista de Jesus de Nazaré, verdadeiro Messias e Senhor. É necessário, pois, ter fé não só nas promessas, mas sobretudo naquele que realiza as promessas na plenitude dos tempos.
Nesta catequese, Paulo deixa claro que o cristianismo não é uma ideologia, nem uma doutrina; é uma história de salvação que tem em Jesus seu cumprimento. Os acontecimentos do passado são lidos como algo que compromete o presente, porque nós também nos tornamos protagonistas.
Quando Paulo fala de personalidades bíblicas: Abraão, Moisés, Samuel…, está falando de cada um de nós, a fé e a história deles se entrelaçam com a nossa vida. Estudar a Bíblia não significa ficar no passado, o verdadeiro modo de ler e estudar a Bíblia, especialmente o evangelho, é torná-lo continuamente novo redescobrindo a atualidade de Cristo ressuscitado. Descobre-se a atualidade do mistério de Cristo a partir da situação concreta do mundo de hoje, dos problemas que agitam e afligem as pessoas na realidade familiar, econômica, política e social.
No Evangelho (Jo 13, 16-20), vemos que na comunidade cristã existe diferentes funções, mas todas elas devem concorrer para que o amor mútuo seja eficaz. Já não se justifica nenhum tipo de superioridade, mas somente a relação pessoal de irmãos e amigos. O exemplo deixado por Jesus neste evangelho mostra que o serviço aos irmãos não é algo que se possa escolher ou não, pelo contrário, é memorial daquilo que Jesus fez em favor da humanidade.
Em seu último encontro com os discípulos, Jesus mostra que sua obra procurou instituir um novo modo de ser, junto aos irmãos e diante do mundo organizado a partir da desigualdade e da dominação. A longa noite da paixão começa com a traição de Judas, símbolo da traição que pode estar presente dentro da própria comunidade cristã.
O rito do lava-pés, que Jesus acabara de realizar, lembra que o verdadeiro e definitivo sinal de reconhecimento do cristão é o serviço aos irmãos, o interesse para com os mais fragilizados da sociedade. Se é verdade que o pão e o vinho consagrados são sinais de uma especialíssima presença de Cristo morto e ressuscitado, é verdade igualmente que o cristão deve, com igual fé, reconhecer a presença de Cristo no pobre, no oprimido, no fraco, no marginalizado, isto é, na pessoa que mais precisa dele. Não teria sentido a fé na Eucaristia, e seria uma mentira sua celebração, se ela não se prolongasse na caridade e no serviço ao próximo.
Concluo esta reflexão dizendo: Não há salvação fora da caridade. “Antes de tudo, mantende entre vós uma ardente caridade, porque a caridade cobre uma multidão de pecados” (1Pd 4,8).
Boa reflexão e que possamos produzir muitos frutos para o Reino de Deus.
Padre Leomar Antonio Montagna é presbítero da Arquidiocese de Maringá, Paraná. Doutorando em Teologia e mestrado em Filosofia, ambos pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná – PUCPR – Câmpus de Curitiba. Foi professor de Teologia na Faculdade Missioneira do Paraná – FAMIPAR – Cascavel, do Curso de Filosofia da PUCPR – Câmpus Maringá. Atualmente é Pároco da Paróquia Nossa Senhora das Graças em Sarandi PR.