Mt 16,21-27
Neste domingo, continuamos acompanhado a trajetória de Jesus em Cesareia de Filipe. Depois da profissão de fé de Pedro, é possível compreender em que perspectiva se realiza o messianismo de Jesus. Ele é o Servo Sofredor de quem nos fala o profeta Isaías. Diante dessa convicção, Jesus nos apresenta o caminho do discipulado. A jornada não será fácil. Os discípulos terão que assumir a mesma proposta do Messias Sofredor.
A missão de Jesus é conflituosa. Ele tem consciência de que muitos sofrimentos lhe aguardam. Quem são os principais adversários de Jesus? Trata-se dos anciãos, dos sumos sacerdotes e dos mestres da lei. (v. 21) Os anciãos eram os homens do dinheiro. São os aristocratas, os grandes latifundiários daquele tempo. Já os sumos sacerdotes eram os donos do poder. Trata-se da aristocracia sacerdotal. Por sua vez, os mestres da lei são os membros do sinédrio, isto é, os donos da verdade. Todos eles se vêm ameaçados pelo Projeto de Deus. Por isso, não querem reconhecer a verdade diante de si. Estão presos às suas próprias convicções e subordinados aos seus interesses pessoais. Riqueza, poder e prestígio. Quantas vezes agimos como os anciãos, os sumos sacerdotes e os mestres da lei!? No caminho do discipulado, muitas vezes somos tentados a trocar o amor de Jesus e seu projeto pelas falsas seguranças dos mundo e pelas ilusões de prazer. Por isso, o Jesus repreende Pedro. (v. 23) É preciso tomar cuidado! Assim como os anciãos, os sumos sacerdotes e os mestre da lei condenaram Jesus, nós podemos comprometer o plano salvífico de Deus com nosso jogo de interesses.
Jesus apresenta três condições para quem deseja se tornar Seu discípulo. Renunciar a si mesmo, tomar a cruz e seguir. (v. 24) Renunciar a si mesmo é nos desfazermos de todas as nossas ambições pessoais. É termos um coração pobre, isto é, desapegado de tudo aquilo que nos aprisiona. Tomar a cruz é reconhecer e aceitar as dificuldades que encontraremos ao longo do caminho. Seguir é superar o medo medo, a indiferença e o comodismo e embarcar nessa longa aventura ao lado de Jesus. O verdadeiro discípulo missionário do Cristo Jesus deve renunciar todo o seu interesse, vontade e querer para fazer unicamente a vontade de Deus; deve assumir os sacrifícios de cada dia, as incompreensões e o cansaço da missão; deve trilhar os passos do Mestre, fazendo da Sua Palavra seu grande ideal de vida. Perder a vida não é entrega-la à morte, mas confiá-la unicamente ao Senhor para que Ele tome o controle da nossa história e conduza a nossa existência. (v. 25) Só em Deus encontramos a plenitude do nosso ser. Ele é garantia de paz, de vida e de liberdade. A jornada não é fácil, mas vale a pena.