O culto a Nossa Senhora na Igreja Católica

Crítica dos evangélicos

A Igreja Católica pratica a idolatria com o culto a Maria e aos santos. Três erros são cometidos nessa prática. O primeiro é supor que os santos estão juntos de Deus, quando a Bíblia ensina que os mortos dormem e somente no fim dos tempos deverão ressuscitar (Ecle 9,5; Mt 25,31-46). O segundo erro se deve ao culto prestado a Maria, quando a Bíblia ensina que devemos adorar somente a Deus (Dt 6,4).  Por último, a Escritura afirma que Jesus é o único intercessor junto a Deus, negando assim a mediação de outros intercessores (1Tm 2,5).

 Resposta Católica

         São três as críticas comuns que ouvimos em outras igrejas sobre a devoção aos santos, conforme vimos acima. Para tanto, vamos esclarecer cada uma dessas críticas à luz da Bíblia. No primeiro tópico, abaixo, vamos analisar a doutrina da “dormição dos mortos”, ensinada em algumas igrejas. No segundo tópico vamos fazer as devidas distinções entre adoração e veneração. E no terceiro, vamos esclarecer sobre a intercessão de Nossa Senhora, tão criticada pelos evangélicos em geral.

A doutrina da “Dormição dos Mortos”

 A primeira grande crítica à devoção aos santos se apóia na doutrina da “dormição dos mortos”, conforme creem algumas igrejas. Segundo essa doutrina, todos que morreram estão dormindo até o fim dos tempos. “Os vivos sabem que morrerão; os mortos, porém nada sabem. Não há para eles retribuição, uma vez que sua lembrança é esquecida” (Ecle 9,5; 6,10, Sl 146,4, 1 Rs 2,10).

Esses crentes parecem ignorar que nos livros mais antigos da Bíblia não estava clara a noção de vida eterna.  A crença na ressurreição dos mortos se consolidou no judaísmo somente por volta do ano 150 a.C., (Dn 12,1-2; 2 Mc 7).  Portanto, não faz sentido usar textos bíblicos anteriores a essa data para afirmar que os mortos dormem, como é o caso do Livro de Eclesiastes, 1 Reis e alguns Salmos, entre outros.

         Justificam os adeptos da doutrina da “dormição dos mortos”, que os defuntos acordarão do seu sono mortal somente no fim dos tempos, pois conforme o ensinamento do Novo Testamento, a ressurreição dos mortos e o juízo final deverão acontecer no último dia, quando Jesus voltar (Jo 5,28-29; Mt 25,31-46).

A Igreja Católica considera que Novo Testamento menciona um juízo final, principalmente como um encontro com Jesus, na sua segunda vinda, porém várias vezes também afirma uma retribuição imediata, logo após a morte, em função da fé e obras de cada pessoa, sem a necessidade de esperar até o fim dos tempos para acordar de um possível sono mortal. “E como é fato que os homens devem morrer uma só vez, depois do que vem um julgamento” (Hb 9,27).

Algumas passagens bíblicas evidenciam a recompensa imediata, após a morte. Jesus prometeu ao ladrão arrependido a vida eterna naquele mesmo dia: “Em verdade, em verdade, vos digo: hoje estarás comigo no paraíso” (Lc 23,43). Uma visão do Apocalipse apresenta os cristãos mortos por causa da fé juntos de Deus: “Quando abriu o quinto selo, vi sob o altar as almas dos que tinham sido imolados por causa da Palavra de Deus e do testemunho que tinham dela prestado” (Ap 6,9). Merece atenção, também, a parábola do rico e Lázaro, os quais são recompensados logo após a morte (Lc 16,19-31).

Em sintonia com essas passagens a Igreja entendeu que os mortos não ficam dormindo no sepulcro até o fim dos tempos como supõem algumas igrejas, mas imediatamente após a morte recebem sua recompensa, num juízo chamado Juízo Particular. E no final dos tempos, haverá o juízo final para todos, quando deve acontecer a ressurreição dos corpos. O juízo final apenas confirmará o lugar em que se encontram as almas dos falecidos.

Esse ensinamento aparece de modo claro no Catecismo Católico: “Cada homem recebe em sua alma imortal a retribuição eterna a partir do momento da morte, num Juízo Particular que coloca sua vida em relação à vida de Cristo, seja por meio de uma purificação, seja para entrar de imediato na felicidade do céu, seja para condenar-se de imediato para sempre” (CaICa, n. 288).

 


Padre Gilson José Dembinski, é graduado em Teologia, Filosofia. Especialista em Psicologia Pastoral, Teologia Bíblica e Ensino Religioso, Orientação Espiritual, Parapsicologia Clínica e Hipnoterapia. Formação profissionalizante: Introdução à mágica.