O fim de uma instituição não significa o fim do mundo e nem o fim da relação entre Deus e os homens

Reflexão litúrgica: terça-feira
28/11/23, XXXIV Semana do Tempo Comum

 Na Liturgia desta terça-feira, 34ª Semana do Tempo Comum, vemos na 1a Leitura (Dn 2,31-45), que no século II a.C., os judeus vivem sob a opressão de Antíoco IV. Como fazer uma crítica ao rei, sem dizer o seu nome? Sob os regimes que impedem a crítica e a livre expressão, floresce uma literatura alegórica que, de forma irônica, se apresenta como crítica subversiva ao regime.

O texto é muito rico. A estátua simboliza a grandiosidade, a riqueza e a fascinante imagem dos impérios que se estabelecem no mundo através da exploração e opressão. Isso, porém, é apenas aparência, pois os pés da estátua são de barro: basta uma pedra para deixá-la em pedaços. Essa pedra, não movida por mão humana, é o Reino de Deus, Reino que desmascara e destrói as pretensões dos impérios humanos, a fim de instaurar uma sociedade e uma história fundadas na partilha da liberdade e da vida. O texto salienta ainda que a história é uma sucessão de impérios (Babilônia, Pérsia, Grécia, Egito, Síria, cujo rei é Antíoco IV), impérios que vão perdendo seu valor e sentido, até chegar à sua completa extinção (palha que o vento carrega). Somente o Reino de Deus está firme para sempre. Trata-se, portanto, de uma crítica dirigida à política opressora de Antíoco IV: o seu reinado é a parte de barro do pé da estátua.

No Evangelho (Lc 21,5-11), Jesus anuncia a destruição do Templo de Jerusalém, acontecida no ano 70, e as batalhas que se verificaram entre os anos 66 e 70. O Templo era o símbolo da relação de Deus com o povo escolhido. Jesus salienta que o fim de uma instituição não significa o fim do mundo e nem o fim da relação entre Deus e os homens. Deus encontrou agora sua tenda em outro templo e sua habitação entre os seres humanos.

Boa reflexão e que possamos produzir muitos frutos para o Reino de Deus.

 


Padre Leomar Antonio Montagna é presbítero da Arquidiocese de Maringá, Paraná. Doutorando em Teologia e mestrado em Filosofia, ambos pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná – PUCPR – Câmpus de Curitiba. Foi professor de Teologia na Faculdade Missioneira do Paraná – FAMIPAR – Cascavel, do Curso de Filosofia da PUCPR – Câmpus Maringá. Atualmente é Pároco da Paróquia Nossa Senhora das Graças em Sarandi PR.