Neste domingo, a Igreja Católica no Brasil celebra a Solenidade de Todos os Santos. A devoção aos santos é uma riqueza na vida da Igreja e deve inspirar a nossa vivência de fé. Os santos e santas que ornam os nossos altares não são pessoas extraordinárias ou espetaculares, mas homens e mulheres de fé, que se comprometeram com uma existência cristã autêntica, pautada nos valores do Reino de Deus.
O Evangelho que a Liturgia propõe para a Solenidade de Todos os Santos é o discurso das Bem-aventuranças. A expressão utilizada pelo texto original em grego μακάριος significa abençoado ou feliz. Desta forma, as bem-aventuranças proclamadas por Jesus constituem um caminho de realização para todos aqueles que as acolherem com disposição. (v. 12) Por trás das bem-aventuranças proclamadas por Jesus está a confiança em Deus. Só é capaz de abraçar esse itinerário do Senhor quem se lança com confiança nos braços do Pai. A confiança em Deus é a terra firme sobre a qual conseguimos alicerçar os pilares das bem-aventuranças. O verdadeiro discípulo de Jesus deve superar as falsas seguranças do mundo e abandonar-se à providência divina para assumir os valores do Reino de Deus mesmo quando eles parecerem distantes do nosso tempo ou contrários aos ideais do mundo.
Portanto, a santidade não é mérito ou privilégio de um grupo seleto de cristãos, mas o horizonte de sentido e a meta de vida de todos os cristãos. Na Exortação Apostólica Gaudete et Exsultate, o Papa Francisco nos fala sobre a santificação no cotidiano da vida. (cf. GE 8) A santidade ao pé da porta é o caminho de santificação dos pais e mães de família, dos trabalhadores e doentes. É a santidade que se realiza no dia a dia, através dos sacrifícios diários e dos pequenos gestos de amor. Nesta jornada, não estamos sozinhos. Aqueles que nos precedem na glória celeste nos acompanham com intercessão deles e nos inspiram com suas vidas. Através do mistério da comunhão dos santos, céu e terra se unem numa profunda comunhão de amor e nós podemos contar com a oração e o auxílio daqueles que um dia foram sinais da presença amorosa de Deus na história e não mediram esforços para colaborarem com a realização do Reino do Senhor.