O impossível possível

Dia 28 de outubro, dia em que a Igreja Católica celebra a festa de São Judas Tadeu. Este Judas que era primo de Jesus. O santo das causas impossíveis, ou das causas perdidas. Não me perguntem o porquê, mas fato é que, muitos de seus devotos rezam e pedem por aquelas causas difíceis de serem alcançadas. Muitos são os devotos deste santo. Se não estivéssemos em meio a uma pandemia, com certeza, as igrejas de São Judas Tadeu estariam hoje lotadas.

O dia de hoje também é o dia do Servidor Público. Desde 1939, que este dia é comemorado como o dia do servidor público, quando então foi regulamentado o trabalho do funcionalismo público, através do decreto 1713/39. Todavia, foi o presidente Getúlio Vargas, que em 1943, decretou como feriado o Dia do funcionário público, considerando a data de promulgação dessa importante lei. São pessoas que dão as suas vidas nos mais variados órgãos espalhadas pelo Brasil afora. Se antes, eles eram escolhidos através do “apadrinhamento político”, a partir da Constituição de 1988, somente através de concurso público que eles adentram a tais órgãos, para exercerem seus valorosos serviços.

Nestes tempos de pandemia, os servidores públicos tem se dedicado a um trabalho fundamental no enfretamento da realidade do Novo coronavírus. Pessoas que tem arriscado suas próprias vidas no combates as ações de um vírus invisível. Muitos deles perderam suas vidas neste campo de batalha. Entretanto, a despeito disto, lá estão eles, médicos, enfermeiros, nutricionistas, assistentes sociais, pessoal do suporte, motoristas, vigilantes, trabalhando sob o risco de serem as próximas vitimas desta terrível doença. Mesmo com todo este empenho, não são ainda devidamente valorizados como servidores públicos que são.

Também quero me lembrar dos servidores públicos profissionais da educação, que tem feito um esforço hercúleo, para darem as suas aulas remotas. Pessoas que tem dedicado grande parte de seu tempo, mais do que a carga horária normal de suas aulas, para não prejudicar o ano letivo de seus alunos, seja no formato online ou mesmo no sistema apostilado. Eles não estão sem trabalhar, como já foi dito por alguns de nossos governantes, que afirmam que as aulas presenciais precisam retornar para que os “professores voltem a trabalhar”. Muitos destes profissionais estão com problemas sérios de saúde, decorrente desta situação estafante.

O impossível pode vir a ser possível. Os mais otimistas como eu, sonhamos com outra realidade possível. Os tempos são difíceis, bem o sabemos, mas não estamos impedidos de sonhar com outro mundo, outra sociedade mais igual. Esta sociedade que ai está é marcada pelo acúmulo de riquezas e capitais nas mãos de poucos. São poucos que tem muito e muitos que nada tem. Uma sociedade desigual, onde predomina a concentração da riqueza nas mãos de uns poucos apaniguados. Uma verdadeira afronta aos anseios da pessoa humana que clama aos céus.

O Brasil é tido como uma das maiores nações católicas do mundo. Mas isso não quer dizer muita coisa, pois convivemos com todas as formas de desigualdades sociais. De que adianta ser católico fervoroso e não perceber esta realidade de contradições e não lutar para combatê-la? Uma nação católica que não é capaz de enxergar o outro como irmão e vê-lo como alguém que necessita de melhores condições para viver. “Católicos de meia tigela”, como dizia a minha mãe, pois achamos normal que uns tenham demais e outros nada tenham. Uma verdadeira afronta ao sonho de Deus para os seus. Uma grande nação católica, mas que não sabe ser cristã e seguidora dos passos de Jesus, o Nazareno.

Seguir a Jesus requer atitude corajosa de quem sonha como ELE. Sonhar o sonho de Deus. Para sonhar como Jesus sonhou não basta simplesmente acreditar, mas aceitar o desafio de ter a mesma fé que ELE teve. Fé que o fez acreditar em outra realidade possível e batalhou para construí-la entre nós, o REINO DE DEUS. Evidentemente que não se trata de um individualismo sonhador, mas um sonho que vamos construir coletivamente. Sonho de muitos em mutirão, onde possamos construir uma sociedade em que “A pessoa humana e o bem comum devem ser o centro da ação do Estado e do Governo, mas a economia é de exclusão e de desigualdade.” Como nos alerta Dom Leonardo Steiner, na Carta ao Povo de Deus.