Mt 2,1-12
Caríssimos:
A festa, que hoje celebramos, é a síntese dos maravilhosos acontecimentos – ou mistérios – do Natal.
É Deus que se manifesta em Jesus, feito gente como nós.
É algo de tão extraordinário! Deus, o Criador poderoso, iguala-se à fragilidade da criança, que precisa dos cuidados dos pais para sobreviver. Deus que é vida!
No silêncio da gruta de Belém, somos convidados também nós, hoje, a parar e refletir. Vamos pensar no significado de Jesus Cristo “Deus feito carne”, isto é, pessoa humana como nós. É Deus que quer dar uma resposta e um sentido à nossa procura de felicidade.
Deus, que nos criou, não nos abandonou. Mesmo nos momentos em que não nos ligamos a Ele e preferimos procurar a felicidade nos “prazeres da vida”, onde encontramos a insatisfação, o desgosto, o vazio e a falsa alegria.
Epifania é a manifestação do Menino-Deus também a pessoas de longe, não ligadas ao “povo escolhido”.
Vocês notaram como os amantes dos astros, os magos, foram procurar o Rei dos Judeus, assinalado por uma estrela de brilho especial, na cidade grande, na capital Jerusalém.
Mas não foi no luxo da corte de Herodes, nem nas casas dos mais abastados, que encontraram o mensageiro de Deus. Foi num povoado quase insignificante. Num lugar onde se abrigavam os animais.
Notaram como na capital Jerusalém não lembravam nada das profecias, que avisavam sobre o grande acontecimento? Somente alguns especialistas, consultando a Bíblia, descobriram, sem dar muita importância, que na vila de Belém deveria aparecer um personagem importante.
Mas não ligaram muito com isso. Ou melhor, o enciumado rei Herodes, preocupou-se, e muito, com a eventual presença de um pretendente ao trono por ele ocupado.
Minha gente. Epifania é uma luz de Deus, que quer iluminar a nossa vida.
Nós, que escutamos estas palavras, já celebramos 2000 anos da presença de Jesus Cristo na nossa história. Sabemos que, ainda hoje, há quem não liga com a mensagem de esperança e de felicidade trazida por Jesus Cristo! Há quem tem medo que algum concorrente possa apossar-se de seus “tronos”. Tem medo de que seu desejo desenfreado de prazer, de domínio sobre os outros, de vantagens pessoais, seja frustrado. Quantos não querem perder uma posição social. Acham que Jesus Cristo, apresentado pela Igreja, vem para eliminar nossas expectativas dirigidas mais para gozar a vida, do que para a abertura ao Deus da vida.
Nós, católicos, temos a árdua, mas maravilhosa tarefa de apresentar, hoje, o verdadeiro rosto de Jesus Cristo, Deus feito homem. Apresentar o autêntico Jesus Cristo, no nosso modo de pensar, por nossa linguagem respeitosa e verdadeira, por nosso comportamento transparente.
Jesus Cristo deseja manifestar-se, não por fatos extraordinários, mas por nossa vida coerente, alegre, confiante no Deus, que quer estar perto de nós. Há tantos anos Deus se manifesta a nós, iluminando, pela luz de sua graça, as trevas do pecado, que cobrem nossa visão e não deixam ver a beleza da mensagem de paz, entregue a todos os habitantes da terra.
Para sermos, neste ano, os comunicadores de Jesus Cristo, à sociedade, que ainda está mergulhada na escuridão do egoísmo e do ódio, devemos mostrar, em todas as circunstâncias, como Jesus Cristo amou, como Jesus Cristo perdoou.
O perdão oferecido, a paz recebida.
A coragem do perdão transforma o mundo do ódio.
Sejamos epifania do Salvador.
Sejamos comunicadores da luz de Deus, no amor e no perdão.
Dom Giovanni Zerbini
Carta Pastorais