Os que amam e são justos viverão para sempre

Reflexão litúrgica: Sexta-feira, 02/06/2023
8ª Semana do Tempo Comum

 Na Liturgia desta sexta-feira da VIII Semana do Tempo Comum, vemos, na 1a Leitura (Eclo 44, 1.9-13), que a grande manifestação de Deus é a história, na qual ele age por meio daqueles que se comprometem com o seu projeto. O texto faz um elogio aos antigos Patriarcas, que constituem nobre exemplo para as futuras gerações ao contrário de tantos homens que desapareceram sem deixar vestígio, como se nunca houvessem existido, como se diz aos que usurpam do poder: “serão lixos da história”. Mas, o texto, também exalta os homens justos, de piedade e retidão, cujas boas obras não foram esquecidas e cuja posteridade herdou suas virtudes. O bom êxito da descendência dos homens santos e ilustres é visto aqui à luz da lei da solidariedade que liga os filhos aos pais, como sempre digo: “Os frutos não caem longe do pé”.

Este elogio das pessoas que foram grandes com Deus será retomado na Epístola aos hebreus e permanece na memória que a Igreja faz dos mártires e santos, que construíram sua história, a história mais profunda e verdadeira, a da relação do ser humano com Deus. Na Constituição Conciliar Sacrosanctum Concilium sobre a sagrada liturgia, no item que fala das festas da Virgem e dos Santos, vemos o seguinte:

“A Igreja inseriu também no ciclo anual a memória dos Mártires e outros Santos, os quais, tendo pela graça multiforme de Deus atingido a perfeição e alcançado a salvação eterna, cantam hoje a Deus no céu o louvor perfeito e intercedem por nós. Ao celebrar o ‘dies natalis’ (dia da morte) dos Santos, proclama o mistério pascal realizado na paixão e glorificação deles com Cristo, propõe aos fiéis os seus exemplos, que conduzem os homens ao Pai por Cristo, e implora pelos seus méritos as bênçãos de Deus” (SC, 104).

Também da história da nossa vida, o que em verdade permanecerá será a história de nosso amor com relação a Deus e aos irmãos. Os que amam e são justos viverão para sempre.

No Evangelho (Mc 11,11-26), Jesus está caminhando em direção ao templo, no caminho amaldiçoa e faz secar a figueira na qual inutilmente buscara frutos: gesto simbólico e profético, significando as comunidades que envolto no disfarce das práticas religiosas exteriores não produzem os frutos esperados. Chegando ao templo, Jesus purifica-o das profanações, para torná-lo segundo primitivo plano de Deus, uma digna Casa de oração.

O povo de Israel não reconheceu a visita do Senhor nem produziu os frutos esperados. Possuía a casa da oração, porém não mais a fé em Deus e em seu amor e o perdão aos inimigos, que tornam aceita a oração. E nós, hoje, sabemos reconhecer Jesus nos irmãos? Produzimos os frutos que Ele espera? E nossa vida de cristãos não se limita a um estéril aparato exterior? Onde estão em nossas comunidades a fé viva, a fraternidade, o perdão, os frutos do Espírito, como verdadeiros sinais da presença e do reconhecimento de Cristo?

Boa reflexão e que possamos produzir muitos frutos para o Reino de Deus.

 


Padre Leomar Antonio Montagna é presbítero da Arquidiocese de Maringá, Paraná. Doutorando em Teologia e mestrado em Filosofia, ambos pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná – PUCPR – Câmpus de Curitiba. Foi professor de Teologia na Faculdade Missioneira do Paraná – FAMIPAR – Cascavel, do Curso de Filosofia da PUCPR – Câmpus Maringá. Atualmente é Pároco da Paróquia Nossa Senhora das Graças em Sarandi PR.