Os sinais de Jesus

Segunda feira da Décima Quarta Semana do Tempo Comum. Julho vai se descortinando em mais uma semana que se inicia. Demos o primeiro passo de uma etapa que vai se renovando a cada alvorecer. A vida se refaz a cada dia iniciado. Somos desafiados a cada manhã, entregando o melhor que podemos ser naquele dia. Não se conformar com o mínimo, é o primeiro passo na jornada de quem quer dar-se por inteiro

O brilho divino da luz de Deus está presente em cada um de seus seres criados. Nosso interior arde em chamas por desabrochar em gestos de amorosidade infinita. A essência do amor de Deus está em nós como campo minado de ternura e compaixão, desejosos de alcançar a luz do dia, em versos e trovas de ações em favor da vida.

O rosto sofrido de Deus se faz presente nos rostos daqueles que perambulam pelas ruas de nossa história, nossos becos e ruelas. Nas periferias existenciais do submundo dos pobres, Deus se faz pobre com e para os pobres, como podemos observar na atuação de Jesus durante a sua ação messiânica de seu ministério. É o que nos revela o texto de Mateus escolhido pela liturgia para o dia de hoje. Jesus realizando dois de seus sinais de libertação (milagres).

Um pai de família desesperado, recorre a Jesus, solicitando que este salve a sua filha da morte que acabara de acontecer; e uma mulher que sofria há vários anos por causa de um processo hemorrágico, impedindo-a de viver de forma plena. E Jesus se sensibiliza com todos aqueles que trazem em seus corpos as marcas do sofrimento, causado pela dor, do preconceito, da discriminação e do desamor.

A mulher em tal situação era discriminada triplamente: por ser mulher, por não ser geradora da vida em função da hemorragia e por ser impura. Não somente ela, mas todos os que entrassem em contato com esta, eram também considerados impuros e tinham que se afastarem do convívio social.

Jesus vence todas as barreiras do preconceito e da discriminação para com aquelas pessoas. Se deixa tocar por elas, ainda que na orla de suas vestes como mais do que o necessário para transformar-lhes a vida. A fé incondicional em Jesus faz que essa mulher viole a Lei e seja curada. A missão de Jesus é transformar a vida das pessoas. Não se trata somente de libertá-las da doença que as diminui e as exclui do convívio social, mas também de salvá-las da morte, que as exclui da vida prematuramente.

Maior que o preconceito e a discriminação é a vida humana. Jesus devolve a vida àquela criança, para a alegria de seus familiares. Realiza a cura da mulher, impedida de ser geradora de outras vidas em seu ventre. Se os escribas e fariseus queriam ver um sinal de que Jesus era, de fato, o Messias, Ele é o próprio sinal vivo de Deus no meio de nós. Não coloquemos Deus à prova! Se eles erraram, muitos também erramos, no dia de hoje, quando exigimos que o Senhor nos dê sinais. Ele está no meio de nós e isto nos basta como sinal.

 


Francisco Carlos Machado Alves conhecido como Chico Machado, foi da Congregação do Santíssimo Redentor, os Redentorista, da província de São Paulo. Reside em São Felix do Araguaia no Mato Grosso e é agente de Pastoral na Prelazia de São Felix desde 1992. Sua atividade pastoral é junto aos povos indígenas da região: Xavante, Kayabi, Karajá, dentre outros. Mestre em Educação atua na formação continuada de professores Indígenas, nas escolas das respectivas aldeias.