Um relatório divulgado pelo Ministério da Saúde aponta que 169 profissionais de saúde morreram com a Covid-19. O documento ainda revela que 83.118 testes feitos por pessoas desse grupo detectaram a doença. No total, os profissionais de saúde fizeram 432.668 testes durante a pandemia. O documento foi divulgado agora em junho.
Os dados do Ministério da Saúde mostram que os enfermeiros foram os principais profissionais desse grupo a morrer: 42 de 169 mortes (25%). Em seguida, os médicos registram o segundo maior número de mortes pela doença: 18 de 169 (11%).
O portal da Conferência conversou mais uma vez com o bispo de Campos e referencial da Pastoral da Saúde, dom Roberto Francisco Ferrería Paz, para saber como a Pastoral tem lidado com o cuidado emocional desses que estão na linha de frente do combate à Covid.
Segundo dom Roberto, a Pastoral da Saúde considera que é necessário resgatar a “inteireza da pessoa”. “Toda cura é integral e curar os pastores ou pastorear os pastores sempre é uma tarefa de fazer descobrir o profissional da saúde que também deve ser curado, que também deve estar aberto à cura e que também, por conseguinte, deve sempre cuidar da sua pessoa como um todo nessa inteireza, nessa visão global de pessoa, especialmente dentro do que nós consideramos antropologia cristã e também dentro do conceito de saúde”, explica o bispo.
Intercessão
Dom Roberto salienta a necessidade de se fazer superar o estresse, a fragmentação e o cansaço que levam a uma diminuição da imunidade. “A primeira tarefa da Pastoral da Saúde será certamente rezar, interceder por aqueles que estão à frente, para que eles possam se manter focalizados justamente em curar”, afirma.
Motivação
O segundo ponto de atuação da Pastoral da Saúde citado por dom Roberto para motivar os profissionais de saúde é a realização de lives, para despertar o aspecto emocional, mantê-los sempre na perspectiva do cuidado, tanto dos outros como de si mesmos. “Além, claro, do cuidado corporal, evitando o desgaste, o estresse emocional que minam e também os tornam vulneráveis”, salienta.
Relação
O aspecto interpessoal também foi considerado por dom Roberto, que tem se comunicado com frequência com todos os profissionais da área de saúde para alertá-los sobre o quanto são importantes e lembrá-los que eles não estão sozinhos. “Mostrar que no final das contas ele é uma pessoa humana, precisa ser amado, apoiado e ter esses vínculos que são importantíssimos para manter uma pessoa que está submetida à inúmeras questões, a uma estafa quase que permanente”, destaca.
Espiritualidade
E ainda dom Roberto citou que a Pastoral da Saúde está presente nos hospitais, para momentos de espiritualidade. “Já fizemos inclusive orações em hospitais, levamos o Santíssimo Sacramento, fizemos momentos de intercessão, momentos de espiritualidade e isso tem sido de muito proveito, edificante pelas respostas”, afirma.
O bispo lembra que todo o trabalho da Pastoral é alicerçado por Deus, o Bom Pastor. “Nunca podemos esquecer que somos instrumentos de cura nas mãos de Deus, mas que quem cura através de nós é o próprio Deus. A Pastoral da Saúde é a Pastoral do Bom Pastor que está sempre indo ao encontro do doente e carregando-o em seu coração”, finalizou.
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Fonte: CNBB