Pela Virgem Dolorosa, vossa mãe tão piedosa, perdoai-me, meu Jesus

Reflexão litúrgica:
Quarta-feira, 15/09/2021
Memória de Nossa Senhora das Dores

A devoção às dores de Maria foi a princípio mais popular do que litúrgica, fixava simbolicamente as sete dores de Maria. Como mãe, Maria assume implicitamente os sofrimentos de Cristo, em cada momento de sua vida. Os evangelhos narram alguns desses episódios:
– a profecia de Simeão;
– a fuga para o Egito;
– a perda de Jesus aos doze anos durante a peregrinação a Jerusalém;
– o caminho de Jesus para o calvário;
– a crucificação;
– a deposição da cruz;
– a sepultura.

Na Semana Santa e em muitos outros dias de dor e sofrimentos, a imagem de Nossa Senhora das Dores, conforta e leva a pensar no mistério da dor e aceitar a vontade do Pai.

Em 1667 a Ordem dos Servitas, inteiramente dedicada à devoção de Nossa Senhora obteve a aprovação da celebração litúrgica das Sete Dores da Virgem, que durante o pontificado de Pio VII foi acolhida no calendário romano. Pio X fixou a data definitiva de 15 de setembro, conservada no novo calendário litúrgico, que mudou o título da festa, não mais Sete Dores de Maria, mas para memória de Nossa Senhora das Dores ou Virgem Maria Dolorosa. A participação dolorosa da Mãe do Salvador em sua obra de salvação é atestada na hora da cruz por João, que a recebeu por Mãe.

O quadro da Pietá expressa o momento que Nossa Senhora das Dores recebe no colo o filho morto apenas tirado da cruz. É o momento que se reveste da incomensurável dor uma paixão humana e espiritual única: a conclusão do sacrifício de Cristo, cuja morte sobre a cruz é o ponto culminante da Redenção. É junto à cruz que a Mãe de Jesus crucificado se torna a Mãe do corpo místico nascido da cruz, isto é, nós somos nascidos, enquanto cristãos, do mútuo amor sacrifical e sofredor de Jesus e Maria. É sobre o sacrifício de Cristo que ela próprio se oferece com ele ao Pai.

Na Liturgia da palavra desta quarta-feira, Memória de Nossa Senhora das Dores, na 1a Leitura (Hb 5,7-9), o Apóstolo Paulo afirma que a nova Aliança, plena e definitiva, se realizará em Jesus Cristo. A Paixão é vista aqui como a mais solene prece de intercessão e o mais sublime ato de obediência.

No Evangelho:
– (Jo 19, 25-27), a mãe de Jesus representa o povo da antiga aliança que se conservou fiel às promessas e espera pelo salvador. E o discípulo amado representa o novo povo de Deus, formado por todos os que dão sua adesão a Jesus. Na relação mãe-filho, o evangelista mostra a unidade e continuação do povo de Deus, fiel à promessa e herdeiro da sua realização.

– (Lc 2,33-35), o cântico de Simeão relembra a vida e missão do Messias, pois a boa notícia que ele tem será motivo de contestação: ricos e poderosos o verão como inimigo e juiz severo, enquanto os pobres verão, em suas palavras e ações, caminhos para a libertação e a vida plena de todos.

Boa reflexão e que possamos produzir muitos frutos para o Reino de Deus.


Padre Leomar Antonio Montagna é presbítero da Arquidiocese de Maringá, Paraná. Doutorando em Teologia e mestrado em Filosofia, ambos pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná – PUCPR – Câmpus de Curitiba. Foi professor de Teologia na Faculdade Missioneira do Paraná – FAMIPAR – Cascavel, atualmente é professor do Curso de Filosofia da PUCPR – Câmpus Maringá.