Hoje levantei com ideias filosóficas no meu pensamento. Nas minhas orações de costume, invoquei o filósofo, filólogo, crítico cultural, poeta e compositor prussiano do século XIX Friedrich Nietzsche, para que me ajudasse a rezar, na tônica dos dias que se seguem intermináveis. Tomei como base de minha reflexão, uma de suas frases que tem tudo a ver com o contexto: “Viver é sofrer e sobreviver é encontrar um significado no sofrimento.” Frase esta que expressa o sentimento de muitos de nós e que faz sentido em meio à realidade de incertezas que ora vivenciamos.
Um grande amigo meu me confidenciou, que seu interior está um caos. Ele mal consegue administrar as emoções, sentimentos que afloram em profusão no seu coração. Segundo ele, já sentiu todos os sintomas provocados pelo vírus num só dia. Até a terrível falta de ar, tudo por causa de seu desequilíbrio interior. Tais sintomas só lhe deixam, quando faz um esforço para concentrar na vida e nos pensamentos positivos, para perceber que tudo não passa de algo que vem de dentro de si mesmo. Também me disse, que os meus rabiscos o tem ajudado a reencontrar-se. Que bom!
Quantas pessoas não estão vivendo situações semelhantes? Tudo por causa de uma incerteza, que passou a fazer parte de nossas vidas. Evidentemente que o entorno nos influencia por demais. Principalmente se olharmos para as condições do nosso país, que teve a infelicidade de não somente, passar por uma pandemia de proporções gigantescas, mas por ter pessoas tão irresponsáveis no comando do país, numa crise sanitária, que está nos trazendo consequências arrasadoras para toda uma população.
Mas, voltando ainda ao referido filosofo, Nietzsche foi um dos pensadores que mais me identifiquei durante a minha licenciatura do curso de filosofia. Li quase tudo da sua obra, tanto que a minha dissertação de conclusão do curso, foi sobre este pensador genial. Nos seus escritos, ele fala sempre desta necessidade de fazermos uso da nossa força interior. Esta força que está no mais íntimo do nosso ser, que muitas das vezes, não as utilizamos para dar rumo às nossas vidas e ao nosso existir no mundo. Segundo ele, tais forças são capazes de revolucionar, não somente o jeito de ser e pensar, mas também de provocar transformações no mundo. Complementando o seu pensamento, ele nos diz que, aquilo que fazemos por amor, está sempre além do bem e do mal.
Portanto, um jeito bom, de se estar no mundo. Ser o que se é, fazendo uso daquilo que trago como riqueza dentro do meu ser. Um desafio que nos é posto, uma vez que os nossos nervos nos colocam em situação de fragilidade. Se me deixar levar pela onda de negativismo e irresponsabilidade, provavelmente não seremos contaminados pelo vírus, mas mergulharemos numa crise existencial de conseqüências terríveis. Como a do meu amigo, que já estava sentindo os sintomas da doença, sem ao menos passar perto do vírus. Não é hora de deixar que o nosso emocional, nos prejudique e nos impeça de viver e cuidar dos afazeres que a prevenção nos alerta.
Por fim, não nos esqueçamos jamais, de que somos nós que direcionamos as nossas vidas e, fazemos parte de uma grande família dos filhos e filhas de Deus. Neste sentido, precisamos confiar mais em nós, nos nossos irmãos e no nosso Deus. Um Deus de vivos e não de mortos. Um Deus presente na história, que já demonstrou isto trezenas de vezes, de que está do nosso lado. Um Deus Criador, que zela pela criatura, mesmo esta não sendo fiel, nas muitas vezes em que foi testada. Um Deus que não quer que nenhum de nós se perca pelo caminhão. Um Deus que salva, e não aquele que está sempre pronto a condenar, como muitos de nós o imaginamos.
Fidelidade às causas deste Deus é o chamado que nos é feito hoje. Buscar estar em sintonia com este Deus que se faz presente aqui e agora. O pensamento vem e vai. Façamos como um dos provérbios que nos alerta dizendo: “Não podemos evitar que um passarinho assente em nossa cabeça, mas podemos evitar que ele faça o seu ninho na nossa cabeça.” Em outras palavras, não podemos evitar que um pensamento ruim me venha à cabeça, mas posso evitar que tais pensamentos determinem o meu jeito de ser e pensar no mundo. Fidelidade a Deus e no que acredito e tenho como princípio, mesmo porque, “Se lhe formos infiéis, ele permanece fiel, pois não pode renegar a si mesmo.” (2 Tm 2, 13)