Prevenção ao suicídio na vida adulta

O mês de setembro ficou conhecido pela campanha mundial de prevenção ao suicídio, denominado como Setembro Amarelo, sendo a cor para evidenciar um sinal de alerta quanto a importância desta temática.

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) 90% dos casos podem ser prevenidos, ocorrendo um suicídio a cada 40 segundos, destacando-se a informação de que a nível mundial o episódio suicida é a segunda maior causa de morte de pessoas entre 15 e 29 anos, tendo maior incidência entre os homens.

Considera-se que o suicídio possui causas multifatoriais e segundo a OMS há de se atentar pela existência de fatores de risco, dentre eles, se há histórico de outras tentativas anteriores, isolamento social, conflitos familiares, desemprego, perdas recentes, pouca resiliência, doenças físicas e transtornos mentais. Em contrapartida, há fatores de proteção que fortalecem a qualidade de vida e a saúde mental dos indivíduos, sendo estes o modelo familiar, fatores culturais, sociais e crenças religiosas.

Durante a vida adulta, somos pressionados pela sociedade em concomitantemente obter sucesso pessoal e profissional, estabilidade financeira, relacionamentos harmoniosos, manter boa saúde e hábitos de lazer além de manter-se emocionalmente equilibrados e fortes o tempo todo. O estereótipo de uma vida perfeita não condiz com a realidade, o que acarreta em sentimentos de frustração e desespero, pois os resultados pessoais não são os obtidos pelo que o mundo espera de nós.

O que a maioria das pessoas não percebe é que a vida propagandeada pela busca da perfeição e harmonia entre os fatores psicológicos, sociais e familiares não existe, e que o que o ser humano deve buscar constantemente é o equilíbrio entre ambos, lembrando sempre que estaremos em constante altos e baixos e que é possível superar uma situação de crise.

Uma das desmistificações da campanha seria a ideia de que tratar sobre o assunto pode encorajar ou estimular ideações suicidas. No entanto, reforça-se a necessidade de falar abertamente sobre o assunto, com a abordagem adequada.

Neste sentido, percebe-se uma tendência da sociedade em buscar soluções rápidas e orientações na base de conselhos, na maioria das vezes bem internacionalizados, porém desprovidos de uma escuta aberta e acolhedora. Um julgamento ou uma preconcepção do que a pessoa está sentindo, sem de fato compreendê-la sob o olhar da sensibilidade, pode intensificar a sensação de que a pessoa está sozinha e sem apoio.

Além disso, quando abordamos o tema de maneira individualizada corremos o risco de considerar o sujeito como único e exclusivo responsável pelo seu bem-estar. Colocar-se no lugar do outro afetivamente, oferecer um espaço de escuta acolhedora e sem julgamentos seria um dos primeiros passos para de fato buscarmos uma consciência coletiva de encontro a prevenção de episódios suicidas.

No caso de conhecermos alguém em que esteja passando por uma situação semelhante, demonstrando ideações suicidas, podemos oferecer uma escuta ativa e acolhedora, preferencialmente em um lugar calmo, onde a pessoa possa falar abertamente sobre o que estaria sentindo. Em seguida, é imprescindível buscar ajuda de um profissional qualificado que possa acompanhar este sujeito, sendo a psicoterapia e um acompanhamento psiquiátrico considerados como fortes aliados. Ainda, caso a pessoa não se sinta à vontade para falar sobre o assunto, há o Centro de Valorização a vida, que por meio do número 188 trabalha para promover o bem-estar das pessoas e prevenir o suicídio, de maneira sigilosa, 24h por dia.


Bruna Alves (CRP 08/17644)
Psicóloga , formada em 2012 pela Universidade Estadual do Centro Oeste (Unicentro). Pós-graduada em Educação em Direitos Humanos pela Universidade Federal do Paraná (UFPR).
Desde 2012 atuante em Políticas Públicas municipais. Atualmente, psicóloga do CRAS, na Secretaria de Assistência Social na Prefeitura de Candói.