Quando o humano coopera com Deus, surge um mundo novo, o bem, a salvação

Reflexão litúrgica: Solenidade da Anunciação do Senhor
sábado, 25/03/2023 – 4ª Semana da Quaresma

 

Na Anunciação, sabemos que o Arcanjo saudou Maria como “Cheia de Graça” e, na visita a sua prima Isabel, esta, cheia do Espírito Santo, proclama-a “Mãe do meu Senhor”, portanto, Nossa Senhora. O ventre de Maria se torna a casa para receber o ‘Rei da Glória’, encarnação, grande acontecimento. Em Maria, está o Projeto de uma humanidade melhor. No Antigo Testamento, à semelhança de Ester (Ester 5,1-2; 7,2-3), podemos saber o que Maria pede a Deus: “Concede-me a vida – a vida de meu povo”. E o que Maria nos pede: “Fazei tudo o que Ele vos disser”.

 Na Liturgia desta Solenidade, veremos, na 1a Leitura (Is 7,10-14;8,10), que o profeta interpreta a vinda do Messias como ato de fidelidade de Deus às suas promessas, apesar da infidelidade do povo e de seus líderes. Diante do fracasso da dinastia, o profeta anuncia com esperança: o Senhor fará ressurgir da casa de Davi um rei melhor, e este acontecimento trará a paz a Jerusalém e ao mundo inteiro.

Na 2ª Leitura (Hb 10,4-10), o Apóstolo Paulo nos diz que somos chamados a fazer, em tudo, a vontade de Deus, nos assemelhando cada vez mais com Jesus, a ponto de poder exclamar: “Já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim” (Gl 2, 20). Mas, para que isso aconteça, temos que realizar está vontade com satisfação e não com murmurações: “Eis que venho (e com prazer), para fazer, ó Deus, a tua vontade” (Hb 10,7).

No Evangelho (Lc 1,26-38), vemos que Deus, na obra da salvação, conta com Maria. Jesus vai contar com os Apóstolos. A Igreja, hoje, conta com cada um de nós. Maria é símbolo dos que creem em Deus e o acolhem em sua Palavra-Verbo. Maria, embora não entenda todo o mistério, a fé a sustenta e o Espírito Santo a socorre. Vejamos:

1º – Como o céu vê Maria?

Maria é escolhida pela esfera divina. O Arcanjo Gabriel entrou onde ela estava e a saudou: “Ave, cheia de graça, o Senhor é contigo”. Diante da saudação divina, ela disse: “Eis aqui a serva do Senhor”.

2º – Como a terra vê Maria?

Quando Maria visita sua prima Isabel, é proclamada “Mãe do meu Senhor”, ou, quando o Evangelho diz que todas as gerações a chamariam: “Feliz, Bem-Aventurada”, percebe-se que, na própria época, quando alguém, ao ver Jesus, mesmo sem conhecer Maria, exclama: “Feliz o ventre que te trouxe e os seios que te amamentaram”.

3º – Como Jesus vê Maria?

Jesus a elogia não pelo parentesco, mas pelo testemunho de fé: “Feliz antes aquela que acreditou que se realizariam as promessas do Senhor”.

4º – Como Maria mesma se vê?

“O Senhor fez em mim maravilhas”. Nas bodas, intercede: “Fazei tudo o que Ele vos disser”.

5º – Maria é sustentada pela graça de Deus

Maria foi sustentada pela graça de Deus, pois, mesmo perturbada com as palavras do anjo, pôs-se a pensar no que significaria semelhante saudação. O anjo, então, disse-lhe: “Não temas, Maria, pois encontraste graça diante de Deus”.

6º – Maria é socorrida pelo Espírito Santo

“Como se fará isso, pois não conheço homem algum?” Respondeu-lhe o anjo: “O Espírito Santo descerá sobre ti, e a força do Altíssimo te envolverá com a sua sombra”.

7º – A grandeza e o silêncio de Maria

“Eis aqui a serva do Senhor, faça-se em mim segundo a tua palavra”.

Boa reflexão e que possamos produzir muitos frutos para o Reino de Deus.

 


Padre Leomar Antonio Montagna é presbítero da Arquidiocese de Maringá, Paraná. Doutorando em Teologia e mestrado em Filosofia, ambos pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná – PUCPR – Câmpus de Curitiba. Foi professor de Teologia na Faculdade Missioneira do Paraná – FAMIPAR – Cascavel, do Curso de Filosofia da PUCPR – Câmpus Maringá. Atualmente é Pároco da Paróquia Nossa Senhora das Graças em Sarandi PR.