Iniciando mais uma semana. Uma segunda feira que nos traz um marco importante a ser refletido, pensado. O dia 22 de março foi designado pela Organização das Nações Unidas (ONU) como o Dia Internacional da Água. Este bem tão precioso para toda a humanidade e também para os outros seres. Um dos elementos mais importantes para vida do Planeta, que está a cada dia mais sendo propriedade de alguns poucos. As economias de morte estão num processo acelerado de privatização da água, vista apenas como uma mercadoria a ser comercializada.
Para os que se alimentam da fé, a água é um bem sagrado. Um dom maior de Deus para nós. Pelo menos é assim que vemos na narrativa bíblica do Genesis, que descreve para nós a obra de Deus em seis dias. No segundo dia Deus ordena: “Faça-se um firmamento entre as águas, e separe umas das outras. Deus fez o firmamento e separou as águas que estão debaixo do firmamento daquelas que estão por cima” (Gn 1,6-7). Importante salientar que esta narrativa bíblica não é o tipo de tratado, permeado pelo conhecimento científico, mas antes um poema que contempla o universo como criatura de Deus.
Somos todas e todas obras do Criador! Ele nos cria e cria também as condições necessárias para que possamos nos realizar enquanto seres, criaturas d’Ele neste mundo. A água é uma de suas criações que nos possibilita viver. Sem ela não há vida possível. Um bem sagrado para o viver de todos os seres que habitam a nossa Casa Comum. Mas o homem, com os seus projetos gananciosos de poder, insiste em apropriar-se de um bem coletivo, que Deus nos deu gratuitamente. De saber que 70% do planeta é coberto pelas águas dos oceanos, representando, mais ou menos, 98% da água da Terra. Todavia, apenas 2% de toda a água que há é apropriada para o consumo.
Semana que inicia com a mesma cantilena da pandemia. Vivemos dias difíceis e de profunda angústia. Muitas pessoas pedindo as nossas orações, pois a morte vem se aproximando. A cada dia perdemos alguém conhecido, parente, amigo, vizinho, de longe ou de perto. Diante deste cenário, falta-nos o chão por vezes. Em dias como estes, somos desafiados a conjugar em todos os tempos verbais cinco palavras imprescindíveis: exercitar a PACIÊNCIA sem desesperar e perder a calma; PERSEVERAR na resistência do esperançamento; ter a CORAGEM necessária para fazer o enfrentamento das situações adversas; Revesti-se de FORÇA numa atitude de empoderamento; e por fim, manter a FÉ no Deus que é tudo em todos: “Cristo, que é tudo em todos.” (Col 3,11).
Evidentemente que não dá para fazer o enfrentamento da realidade, contando somente com as nossas forças. Precisamos de algo mais. Este algo mais seria, num primeiro momento, juntar com as forças dos outros nossos irmãos e irmãs que fazem esta mesma caminhada conosco. A nossa força está na nossa união. Outro elemento importante e fundamental é a nossa oração. Fazer uso dela com convicção de uma fé inabalável. De certa maneira, nós subestimamos o poder revolucionário da oração. Não se trata apenas daquela oração recheada de palavras que vamos repetindo a exaustão, muitas vezes sem ao menos refletir sobre aquilo que estamos dizendo. Uma oração simples e ao mesmo tempo encarnada na realidade, cuja mística nos faça entrar em sintonia com Deus. Rezar não até Deus ouvir o nosso clamor, mas até ouvirmos o que Deus tem a nos dizer.
Fazer como Jesus fazia. Ele rezava sempre! Tinha os seus momentos para estar a sós com Deus, mesmo rodeado das pessoas. Ele reservava momentos para exercitar a sua oração. Ele agia fundamentado no poder da oração. É o que também precisamos fazer. Reservar momentos do nosso corre, corre para abusar do poder da oração. Assim, poderemos ter atitudes como as dele. No evangelho de hoje, por exemplo, ele, desmascara a hipocrisia daqueles que levaram-lhe uma mulher surpreendida em adultério, prontos a apedrejando-a. Queiram que ele fizesse o julgamento daquela pobre mulher. Ao que ele devolve à responsabilidade para que eles processassem a sentença, a partir daqueles que não tivessem os seus pecados. “Quem dentre vós não tiver pecado, seja o primeiro a atirar-lhe uma pedra”. (Jo 8,7)
A fé é movida pela esperança. Portanto, somos seres de esperança, construindo tijolo por tijolo cada dia de nossas vidas. O porta-voz da esperança mora entre nós: Jesus. Ele venceu tudo e todos, garantindo-nos que também podemos fazer como ele. Teimosamente resistindo com rebeldia a todos as forças do mal. Sem desesperar jamais! Até porque, em meio às sombrias aflições de nossa vida, das nuvens do céu por mais escuras que sejam, caem uma água límpida, fecundando a Mãe-Terra.