Tenho aproveitado este tempo inusitado da quarentena para ler bastante e também escrever alguns rabiscos. Todas aquelas pessoas que tem acompanhado um pouco desta minha trajetória, sabem do meu esforço de não somente provocar a reflexão, mas também ajudar na medida do possível, com seriedade e compromisso com a verdade. As REDES SOCIAIS têm se constituído num espaço bastante apropriado, nos ajudando com informações sérias. Nem tudo o que há nestas mídias é ruim e desprezível, Há coisas boas circulando por aí, basta ter o DISCERNIMENTO correto.
Geralmente não temos a dimensão exata do ALCANCE de um texto que é postado. A ideia vai longe. Dia desses, fui contatado por um pastor da Igreja Batista do Brasil. Estava me pedindo autorização para ler um dos meus textos, em suas igrejas na região onde atua. Evidente, que o autorizei de imediato e fiquei deverasmente muito feliz de saber que algo produzido por mim, tinha chegado onde eu não imaginava. Ele ainda me disse que vinha acompanhando-me há algum tempo e que gostava muito dos textos que eu produzia. Disse para ele que, diante das suas palavras, eu havia ganhado o dia.
Enquanto vou aqui escrevendo, me vem a mente uma pergunta sagaz: Quem sou eu? Quem é você? Como você se define enquanto pessoa, que habita este mundo atual? Quem somos nós? Quem este brasileiro que convive comigo hoje? Perguntas que tem me deixado curioso. E, para entender este Brasil atual, estas perguntas precisam ser respondidas, como forma de definirmos o nosso perfil.
Num dos textos escritos por Ivann Lago esta semana na Carta Maior, este pesquisador das relações entre cultura e comportamento político, nos assegura que há um equivoco sobre o “brasileiro médio”. Trata-se de uma imagem romantizada pela mídia e pelo imaginário popular, de que este brasileiro é RECEPTIVO, CRIATIVO, SOLIDÁRIO, DIVERTIDO e “MALANDRO”. Segundo ele, a versão real é bem mais obscura do que a apresentada como cartão postal do brasileiro.
Esta constatação fica evidenciada através dos acontecimentos ocorridos no Brasil, particularmente a partir da eleição do último presidente do Brasil. Vários sentimentos que pensávamos não existir neste brasileiro médio, aflorou de tal maneira que surpreendeu a muitos de nós. São tantos sentimentos que estavam adormecidos, presentes no inconsciente coletivo das pessoas, que nem sabemos como lidar com eles agora. IRA, ÓDIO, RACISMO, XENOFOBIA, MACHISMO, SEXISMO, MISOGENIA, HORROR a POBRE, são apenas alguns dos adjetivos que passaram a fazer parte da ordem do dia. E aí daqueles que remarem contra esta corrente do mal! São trucidados.
No tempo histórico de Jesus também foi assim. Uma sociedade extremamente preconceituosa, machista. Quando pegaram a MULHER em flagrante adultério, trouxeram-na à Jesus. Somente ela. O adúltero ficou para trás. Certamente, estava presente ali na roda das pessoas, prontas para apedrejar aquela pobre coitada. Agora podemos entender melhor a recomendação de Jesus aos seus discípulos dizendo: “ Eis que eu envio vocês como ovelhas no meio de lobos. Portanto, sejam prudentes como as serpentes e simples como as pombas (Mt 10, 16)
Ainda ontem, acompanhei entristecido, alguns depoimentos de pessoas que perderam os seus entes queridos nesta pandemia. De cortar o coração. Não são relatos simples de números, mas de histórias interrompidas de pessoas que partiram. Umas de mais idade e outras bem mais novas, como a da jovem de Duque de Caxias, de apenas 17 anos e a do indígena Yanomami, de 15 anos, contaminado por garimpeiros em sua própria aldeia. Mas para este brasileiro médio, este contexto não tem maiores significados, pois o que importa mesmo, é o que pensa o mandatário da nação que, a estas alturas, está num churrasco suculento no Palácio da Alvorada. Não é nada fácil lidar com tamanha indiferença e desprezo pela dor alheia. De resto, só Deus mesmo para ter piedade de nós e nos ajudar a mantermos a esperança acesa e a confiança no Deus de Jesus que nos assegura: “Não fique perturbado o coração de vocês. Acreditem em Deus e acreditem também em mim.” (Jo 14, 1)
Imagem: Pixabay