Evangelho Mt 7,21-29

Quando o evangelho de Mateus foi escrito (depois do ano 80) notava-se desleixo generalizado nas comunidades cristãs. Um dos motivos era sem duvida a decepção gerada pela demora da segunda vinda do Senhor, tema já presente nos primeiros textos do Novo Testamento as cartas aos tessalonicenses. Esses versículos retomam esse tema, sem especificar a data da parusia, simplesmente recordando que haverá um dia de prestação de contas (“naquele dia”, v.22).

“Nunca vos reconheci. Retirai-vos de mim, operários maus!” (v.23). Seguramente nos perguntamos: o que fazer para não ouvirmos de Jesus estas palavras terríveis quando partirmos para o Pai e formos julgados? Muitos de nós cumprimos todas as obrigações rituais: vamos a santa missa todos os domingos, fazemos nossas novenas e rezamos aos nossos santos protetores frequentemente, achando que por esta razão, somos ótimos católicos.

Contudo, é um engano, porque isso nos leva a um comodismo religioso e acabamos não saindo de nosso egoísmo para salvar a nossa própria alma. Esquecemo-nos de que somos luz e de que a luz não é para ser oculta debaixo da mesa, mas para iluminar a todos. Tenhamos coragem de assumir um verdadeiro compromisso na comunidade e saiamos de uma religião passiva.   

De fato só a palavra não é suficiente; é fugaz, sutil e traiçoeira; seduz e oculta, ilude e sugestiona. A medida do teste está no “fazer”. A ação é mais facilmente controlável, confronta-se inevitavelmente com as coisas e os acontecimentos, revela o que se é de fato. A ação pode falhar, mas dificilmente consegue ocultar seu insucesso. Os fatos são testemunho público: julgam nos pelo que somos, nos absolvem ou nos condenam muito mais do que nossas palavras. As ações são, antes, um teste das nossas palavras. No entanto, pode se trapacear de dois modos: elaborando palavras vazias e declarações inúteis, ou acumulando ações sem alma.

“A fé deve ser integrada na vida, isto é, a consciência do cristão não conhece fissuras; é profundamente unitária. A dissociação entre fé e vida é grave risco, principalmente em certos momentos da vida.