Evangelho Mt 13,47-53

A parábola da rede lançada ao mar prolonga o tema da parábola do joio no meio do trigo (conforme a parábola de domingo passado). Na sociedade convivem lado a lado “peixes bons” e “peixes ruins” (Lv 11, 9-12 e Dt 14,9 prescreviam quais peixes podiam ou não ser comidos). Quem lança rede é Deus e só ele compete ordenar a triagem. O juízo constará de separação. A parábola, mostra às comunidades cristãs qual será a sua sorte final se perseverarem no discernimento e na opção definitiva pelo Reino da justiça.

Pode-nos parecer estranho que Jesus “jogue fora” os maus peixes e só fique com os bons. É claro que não foi isto o que nosso Mestre nos quis ensinar. Conforme Ele disse em várias passagens dos quatro evangelhos. Ele veio ao nosso mundo para salvar os pecadores. Em outra passagem de Mateus, tendo Jesus ouvido os fariseus se escandalizarem porque Ele comia com publicanos e pecadores, disse: “Não são os que estão bem que precisam de médico, mas sim os doentes. (…) Eu não vim chamar os justos, mas os pecadores” (Mt 9, 11-13).

O que Jesus quis dizer é que devemos jogar fora de nosso coração tudo o que não nos serve. Quantos de nós mesmos mantemos, no fundo de nosso íntimo, rancores antigos que nos travam de progredir com liberdade no caminho de Jesus? Ou amigos e ambientes que nos levam para o pecado? Ou o egoísmo que não nos deixa pensar nos outros e doar-nos para quem precisa? Isso sim, precisamos jogar fora, inspirados no agir de Jesus.

Por outro lado, podemos concluir também que não são as situações temporais as que importam, mas sim as finais, definitivas e eternas; mas estas prepara no tempo aquele que atua e age com sabedoria. É necessário sim, compreendê-la: “entendestes tudo isto?” perguntou Jesus aos seus ouvintes; entender, não apenas de uma maneira abstrata e genérica, mas sim em relação consigo mesmo, com a vida e com as circunstancias pessoais. O que entende desta maneira, vem a ser o discípulo que Jesus compara a um “proprietário que tira do seu tesouro coisas novas e velhas”, isto é sabe encontrar, quer no Evangelho as coisas novas, quer no A.T as coisas velhas que vem a ser a norma sábia do seu comportamento.

Então, nem as renuncias necessárias para conquistar o Reino, nem as adversidades da vida, lhe meterão medo, porque terá compreendido que o que conta não é a felicidade terrena, mas sim a eterna e estará convencido  “que Deus concorre em tudo para o bem daqueles que o amam.