Caros irmãos e estimadas irmãs!
O evangelista Lucas apresenta uma cena na qual os fariseus e mestres da Lei observam como Jesus e seus discípulos vivem. Jesus é um jovem, cheio de energia e sonhos juvenis. Como na época de Jesus os mais velhos sempre tentam controlar o estilo de vida juvenil. Jesus é o Mestre. É conhecedor da Lei que os fariseus e os mestres da Lei, também conheciam. Jesus segue o processo formativo de seus discípulos com o novo estilo de vida: ensina com palavras e com a convivência. Jesus não é apenas um homem teórico. Ele ensina praticando e os seus discípulos aprendem vendo e ouvindo o que o Mestre Jesus ensina, fala e faz. O estilo de vida de Jesus com os seus discípulos incomoda aos fariseus e aos mestres da Lei. O estilo de vida que Jesus inaugura inova a Lei. Jesus é a Lei do Amor. Jesus é o Caminho, Verdade e Vida.
Os fariseus e os mestres da Lei tentam desqualificar o estilo novo de viver a vida que Jesus instaura. Eles se sentem melhores do que Jesus, pelo fato se praticarem os jejuns e as orações estabelecidos. Seguem o legalismo (lei) e o ritualismo (oração). Utilizam a figura importante de João Batista para argumentar a favor deles. Jesus e seus discípulos são acusados de não jejuarem nem rezarem, mas de ficarem comendo e bebendo. Jesus divinamente sábio não discute sobre o jejum e a oração com eles. Como sabemos em outros momentos Jesus fala profundamente sobre essas práticas. Os fariseus e os mestres não conheciam a totalidade da vida de Jesus, seus momentos de oração nas madrugadas.
Não sou especialista em Bíblia, mas numa perspectiva antropológica digo que o evangelista Lucas tem o objetivo maior ao narrar essa cena. Jesus está no meio de seu povo como o Noivo. Os apóstolos representam o povo de Deus. A encarnação e a vida de Jesus é o grande noivado de Deus com o seu povo. Jesus cria um clima de alegria e esperança. Os seus discípulos estão participando dessa Alegria, vislumbram a nova maneira de construir a vida. Os discípulos veem coisas novas acontecendo diariamente: cura de doentes, novo estilo de pregação, defesa da vida, amando e perdoando os pecadores. Jesus inclui no seu projeto as pessoas marginalizadas e excluídas pelo estilo de vida vigente naquela sociedade. Quem conhece Jesus está vibrando e se alegrando como Jesus está convivendo com as pessoas, principalmente com as pessoas que mais precisam de atenção. Todas essas maravilhas que Jesus realiza geram nos seus adversários a inveja, raiva, o ciúme e a vontade desqualificá-lo diariamente.
O evangelista Lucas completa com outras duas parábolas: retalho de roupa nova e retalho velho; e vinho novo e odres velhos. Interessante entender bem esse simbolismo. Ele nos ajudar a entender que o projeto de vida de inaugurado por Jesus não vai conseguir fazer uma conexão com o estilo de vida dos fariseus e os mestres da Lei. A diferença é grande como a diferença entre o retalho velho e novo, vinho novo e odres velhos. O projeto de vida apresentado por Jesus exige uma ruptura com o estilo de vida antigo.
Meus irmãos e irmãs, o Casamento de Deus com o seu Povo acontece com o Amor e a Doação total de Jesus. Sua Aliança é selada no sofrimento, condenação, paixão e morte na Cruz. Aqui acontece o compromisso de amor e fidelidade eterna com o seu Povo. Nós somos membros desse novo Povo de Deus. Apesar dessa consciência, muitas vezes, emergem em muitos de nós as atitudes farisaicas e dos mestres da Lei, de ficar criticando e condenando os nossos irmãos e irmãs que querem viver diferente. Querer assumir a missão com entusiasmo e se comprometem em criar novas formas de assumir a missão de Jesus. O apego ao legalismo e ao ritualismo é um perigo que está muito próximo de nós. Precisamos nos converter continuamente.