Evangelho Lc 14,1-6

Caríssimos irmãos e irmãs,
O trecho do Evangelho de hoje segue mostrando para nós novos olhares de Jesus sobre os ensinamentos recebidos pelos povos do Antigo Testamento. Sem dúvida muitas leis são criadas pelo próprio ser humano procurando dar respostas mais adequadas a partir de diversos contextos sociais, culturais e religiosos. Todos os povos são dinâmicos, mudam-se continuamente, mudam seus modos de compreender a vida e entender a vontade de Deus.
Como se sabe a lei do repouso do sábado era compreendido e praticado como muito importante. Já no livro do Gênesis se fala dos dias de trabalho e do dia de descanso. O descanso é um direito que o trabalhador possui diariamente, semanalmente e anualmente. Nós, atuais viventes conhecemos também sobre esses direitos e deveres nossos. Aqui na região, onde eu moro, entre os povos originários, os missionários que aqui chegaram ensinaram que no dia de domingo não podiam fazer nenhum tipo de trabalho. Até hoje ainda existem essas memórias e medos.
A compreensão de tempo para Jesus é diferente. Ele entende o dia do sábado na perspectiva da prática da caridade, da cura, da concretização do bem às pessoas. Será que a compreensão de um tipo de dia (sábado/domingo) pode nos impedir de fazer o bem? Diante dessa pergunta dos fariseus Jesus procura dar uma resposta radical, que sai das entranhas de seu coração: “a Lei permite curar em dia de sábado, ou não?”. Os fariseus nada lhe responderam, mas Jesus os conhecia, por isso, responde-lhes com ação milagrosa: tomou o homem pela mão, curou-o e despediu-o”.
Com a sua ação milagrosa Jesus denuncia a incoerência dos discursos e práticas dos fariseus: “Se algum de vós tem um filho ou um boi que caiu num poço, não o tira logo, mesmo em dia de sábado?” Também essa pergunta permaneceu sem resposta, mas Jesus sabia o que eles estavam dizendo em seu coração.
O apego legalista sem levar em conta a vida humana necessitada pode nos impedir de fazer o bem, perder a oportunidade de realizar ação boa em favor de pessoas necessitadas, pessoas que precisam de ajuda no momento e não no outro dia. Quantas vezes já aconteceu em nossas vidas e práticas de não realizamos logo as ações necessárias ao bem das pessoas? Jesus foi corajoso para realizar diferente interpretação da lei e inovar a prática do bem, que é fruto do Amor misericordioso de Deus. Jesus é Deus encarnado, é a maior Lei, fonte de Amor.
Peçamos a Deus de Jesus que derrame sobre nós a mesma capacidade e coragem de Jesus para a realização do bem. Não podemos deixar de fazer o bem só porque ficamos com medo das críticas que receberemos. Sem dúvida muitas pessoas nos criticarão como aconteceu com Jesus de Nazaré. Ele foi perseguido e levado à morte pelo bem que realizou. A fonte de inspiração de nossa prática missionária é a prática de Jesus. Os Evangelistas nos mostram ensinamentos importantes e profundos.