Caros irmãos e queridas irmãs,
o trecho do Evangelho de hoje nos ensina que Jesus estava em oração num lugar retirado. Através da catequese nós aprendemos que a oração é conversar com Deus, apresentar-se diante dele como nós somos, pois Ele nos conhece. Através da oração nós agradecemos e louvamos a Deus pelos inúmeros benefícios que dele recebemos diariamente. A oração é o momento de ouvir aquilo que Deus tem a nos dizer como a seus filhos amados e filhas queridas. Jesus tinha esse modo carinhoso e de íntima relação com o Pai. Pelas narrativas que os Evangelistas fazem sobre a vida de Jesus nós sabemos quão difícil era a vida de Jesus. Ele foi ao mesmo tempo bem querido e seguido por multidões, mas também era odiado e perseguido por muitas pessoas que estavam misturadas em meio às multidões. Jesus conhecia bem cada grupo. Jesus de Nazaré é profundamente humano e sentia na pele essas ameaças, perseguições e admiração. Essas realidades fazem parte da oração de Jesus.
Diversas vezes Jesus retirava-se no deserto para rezar, de noite, de madrugada. Também na passagem do Evangelho de hoje o Evangelista Lucas diz: Jesus estava em oração num lugar retirado. Lugar deserto e retirado simboliza o lugar especial para a concentração. Lugar tranquilo, livre dos barulhos do dia. O trecho do Evangelho de hoje nos mostra que os discípulos estavam com ele. Estar com o Mestre é algo especial, pois podem ver Jesus rezando, rezar com Ele, aprender a rezar com Ele, aprender o jeito de Jesus rezar. Um dos grandes ensinamentos de Jesus aos seus discípulos era rezar e compreender em profundidade o seu seguimento. Aprender com o Mestre significa aprender a fazer a leitura da realidade que nos envolve: sentir o que as pessoas falam sobre o modo de viver de Jesus e sobre a sua pessoa.
Na língua de hoje poderíamos dizer que Jesus faz uma prova para ver se os discípulos estão aprendendo com Ele. Como bom mestre que é, Jesus pergunta: “Quem diz o povo que eu sou?” O Evangelista Lucas não diz o nome de quem respondeu essa primeira pergunta, mas são respostas que têm muito a ver com aquilo que as pessoas diziam: “Uns dizem que és João Batista; outros, que és Elias; mas outros acham que és alguns dos antigos profetas que ressuscitou”.
Jesus Mestre quis aprofundar mais a prova e quis saber de seus discípulos, das pessoas que Ele escolheu e chamou, de pessoas que andam com Ele no cotidiano, que veem suas obras. Por isso, Jesus pergunta: “E vós, quem dizeis que eu sou?”
O Evangelista Lucas dá o nome de quem responde a essa pergunta: Pedro. Eu procuro dizer que a figura de Pedro demonstra a coragem, sinceridade, fragilidade, maturidade e imaturidade. Em muitas situações Pedro equivoca-se em suas observações sobre a prática de Jesus, mas manteve-se firme no seguimento de Jesus. É exatamente Pedro que é capaz de afirmar: “O Cristo de Deus”. Outras vezes Jesus disse que essa sabedoria de Pedro vinha do próprio Deus. É para dizer que Deus conta com os homens e as mulheres frágeis como Pedro.
Os discípulos de Jesus e muitas pessoas que o admiravam imaginavam que Jesus seria um rei poderoso nessa terra. Muitos conteúdos da pregação de Jesus nos fazem entender que o Projeto de Jesus é diferente: Jesus veio para Servir e não ser servido. Jesus é um Servo Sofredor como dizia o profeta Isaias. No trecho do Evangelho de hoje Jesus mostra que ser “Cristo de Deus” não significa o reinado desse mundo, reinado de dominação, de exploração dos mais fracos, marginalização, exclusão das pessoas. O Evangelista observa que Jesus proibiu-lhes severamente que contassem isso a alguém sobre o “Cristo de Deus”, pois poderiam iludir a muitas pessoas. Jesus diz claramente aos seus discípulos: “O filho do Homem deve sofrer muito, ser rejeitado pelos anciãos, pelos sumos sacerdotes e doutores da Lei, deve ser morto e ressuscitar no terceiro dia”.
Os discípulos participaram e viram com os próprios olhos a concretização daquilo que Jesus lhes ensinou. Por isso, o testemunho deles é verdadeiro. Nós discípulos missionários atuais somos convidados a professarmos continuamente essa profissão de fé de Pedro. Devemos responder a pergunta dirigida diretamente a cada um de nós: Quem sou eu para você? Só poderemos dar uma resposta boa na medida em que conseguirmos viver o seu Projeto de Vida.