Quando o Evangelho de Mateus foi escrito (depois do ano 80) notava-se desleixo generalizado nas comunidades cristãs. Um dos motivos era sem dúvida a decepção gerada pela demora da segunda vinda do Senhor, tema já presente nos primeiros textos do NT-as cartas aos tessalonicenses. Esses versículos retomam esse tema, sem especificar a data da parusia, simplesmente recordando que haverá um dia de prestação de contas (“naquele dia”, v.22). O texto, portanto tem sabor escatológico e se explica melhor se o compararmos com o juízo final de 25, 31-46.
De qualquer modo, é um texto para o nosso hoje e que aponta para a resolução final. De nada adianta-garante Jesus- reconhece-lo e chama-lo de “Senhor”, se essa profissão de fá não for acompanhada e fecundada pelo cumprimento da vontade do Pai. Já foi lembrado muitas vezes, que o Senhor, atribuído a Jesus, e talvez a mais sólida profissão de fé, porque o coloca em pé de igualdade com Javé o Senhor do AT.
Não bastam, portanto, palavras solenes e profissões de fé profundas. O outro lado da moeda – que nos permite entrar no Reino – é o cumprimento da vontade do Pai celeste é a implantação do Reino (“venha a nós o vosso reino, seja feita a vossa vontade…”), e ele se concretiza na história mediante a pratica da justiça.
Quando perguntamos a uma pessoa se ela tem alguma religião, é comum ouvirmos a seguinte resposta: “sou católico mas não praticante (!), Pode ser que haja sérios motivos para isso que impeçam essa pessoa de frequentar uma Igreja aos domingos e dias santos, e ela julgue que por isso, não está praticando a religião. Sabemos que isso é fundamental, mas há ainda outro ponto essencial a nossa fé: a caridade, abandonando em casa alguém que só a nós tem para ajudá-lo? O amor àqueles que nos são próximos constitui o alicerce de nossa vida espiritual. Se nos fechamos em nós e fingimos que não estamos vendo a necessidade de nosso irmão, estamos sendo uma pessoa insensata que construiu sua casa sobre a areia (v. 26). Então, quando chegam as dificuldades da vida, como desemprego, perda de parentes, doenças graves em nós ou nos membros da família nossa fé vai “por agua abaixo”.