Estamos vivendo um grande pesadelo em nossas vidas. Pelo menos, é assim que as pessoas conscientes e mais esclarecidas pensam. Também aqueles comprometidos com um projeto libertador de sociedade. Um pesadelo sem fim! Uma noite de agonia que parece nunca vai amanhecer o dia. Sinto uma dor tão grande em meu peito, ao ver tanta gente desolada e sem perspectiva. Estive hoje em na aldeia indígena do povo Xavante de Marãiwatsédé, depois de quatro meses de distanciamento. Vi o olhar distante dos indígenas, perdidos num horizonte sem perspectiva, prenhes de desolamento. Muito triste!
Uma agonia que nos acompanha desde 2018. Pesadelo este que ganhou ares de horrores nestes tempos de pandemia. O “anjo da morte” segue fazendo vitimas pobres indefesas neste cenário desastroso. Superamos a marca das 90 mil vidas antecipadas. Mortes estas que bem poderiam ser evitadas se houvesse, ao menos, um pouco mais de humanidade e decência por parte daqueles que deveriam nos governar. A vida das pessoas não tem nenhum valor. São apenas alguns números estatísticos, neste quadro de horrores. Mortes preanunciadas.
A morte é uma perda. Perda de vida, histórias, anseios, sonhos, desejos. Não é normal que alguém veja a morte do outro e não consiga expressar nenhum tipo de sentimento mínimo de condolência. Ao contrário, segue perseguindo as pessoas que pensam diferentes de si. E o que é pior, segue com ampla campanha eleitoral, muito embora as eleições só ocorram em 2022. E o nosso coração fica partido quando vemos pessoas que ainda conseguem encontrar alguma coisa boa na excrescência, e seguem se contaminando, por este vírus letal da falta de criticidade. Que o vírus é desastroso já o sabemos, mas que as pessoas prefiram viver numa bolha é cruel.
Somos os filhos da resistência. Nascemos na luta e a fazemos por necessidade e teimosia. Resistir é o primeiro verbo que precisamos conjugar na ordem do dia, neste contexto de total destruição e morte. Nunca fomos de entregar os pontos. Estamos no meio de uma batalha, que precisa ser levada adiante, na perspectiva de defesa intransigente dos nossos direitos, que estão sendo negados a cada instante. Eles não passarão, porque nós não iremos deixar que triunfe, com o seu plano de morte. Somos a maioria e estamos do lado da vida.
Também junto do verbo RESISTIR está o outro seu companheiro de todas as horas. Como somos teimosos por natureza, devemos permanecer com a nossa insistência. INSISTIR sempre! Conosco vão também todos aqueles que estão sendo massacrados e perdendo a vontade de lutar. Insistir com a convicção de que estamos no rumo certo, numa luta permanente contra a política desastrosa fascista, que insiste em querer nos vencer com o seu canto de sereia. Os fascistas não passarão!
Numa perspectiva de luta que estamos juntos construindo, precisamos também ser persistentes. PERSISTIR sempre! Quando se trata de direitos, tudo o que conquistamos ao longo da história, foi com muita luta e persistência. Nada nos foi dado de mãos beijadas. Foi assim que incluímos vários direitos na Constituição Federal de 1988. Está passando da hora de voltarmos a ser os persistentes de outrora, pois vários destes direitos foram simplesmente rasgados.
É verdade que estamos com muito medo. Com esta pandemia e os casos constantes de infecção, não temos como empunhar a nossa bandeira da resistência e ir para a rua. Todavia, a resistência tem que fazer parte das nossas vidas. Uma resistência pacífica, mas jamais passiva contra todas as injustiças. Não podemos aceitar calados e subjugados, tudo o que estão fazendo com a nossa gente. A morte de tantos pobres é jogada na nossa cara todos os dias e estamos achando isso tudo muito normal. Neste contexto, devemos ser movidos pelo espírito de indignação e não aceitação, afinal, decisões têm consequências, indecisões mais ainda. De lembrar que de boas intenções, o inferno está cheio. RESISTIR, INSISTIR, PERSISTIR na caminhada da vida!