Santa Clotilde: a rainha da primogênita da igreja

“Se me concederdes vencer esses inimigos, eu crerei em Vós e serei batizado em vosso nome”. Clóvis, rei dos francos

Amarga foi a vida de Santa Clotilde, entretanto, foi ela o instrumento usado por Deus para fazer da França “a primogênita da Igreja”. Desde a infância teve a santa com o fratricídio lidar. Filha de rei, mortos foram seus pais e seus irmãos homens pelo tio.

Foram poupadas Clotilde e sua irmã, sendo entregues aos cuidados de uma tia que era cristã. Sentiram estas o chamado para vocações opostas.

Atraíram a atenção de um rei pagão as qualidades das quais Clotilde era dotada. Casou-se então com Clóvis I, rei dos bárbaros francos. Amavam-se e permitido foi que os frutos desse matrimônio fossem batizados na religião cristã.

Teve o casal o primeiro filho, porém veio a falecer ainda bebê trazendo a revolta do rei contra o Deus o qual servia a esposa. Com muita fé, sabedoria e paciência rezava Clotilde pela conversão de seu marido. Clóvis tinha o gênio belicoso dos bárbaros, portanto, era conquistador de territórios. Em uma batalha contra os alamanos, percebe o então imbatível rei que sua tropa está recuando. Sentindo aproximar a derrota, clama ao Deus de sua esposa prometendo deixar-se batizar caso a situação daquela batalha fosse revertida. Eis a frase dita no campo na introdução desta biografia. Recebendo imediatamente os ensinamentos catequéticos, disse o rei ao ouvir a narração dos sofrimentos de Nosso Senhor: “ah, se eu estivesse lá com meus francos!”

Convertido o primeiro rei da dinastia merovíngia, recebe Clóvis juntamente com seus soldados o batismo no natal de 496 na cidade francesa de Reims. Desde então tornou-se esta cidade importante para os reis franceses criando a tradição de toda coroação real ser realizada na cidade na qual o primeiro rei cristão fora batizado. As portas dos bárbaros foram abertas para Cristo graças às incessantes intercessões de Clotilde. Por ser Clóvis o primeiro rei bárbaro a converter-se, legou-se à França o título de “filha primogênita da Igreja”.

Anos depois veio a falecer o rei e seu reino foi dividido entre seus três filhos. Os tormentos com fratricídio volta a atormentar santa Clotilde. Seus filhos travavam entre si lutas sangrentas pela divisão do território, o que causou mortes e rancor na família. Os irmãos compraram a briga da irmã que maltratada era pelo marido, o qual foi assassinado. Retirou-se a santa para Tours, num local perto do túmulo de são Martinho. Nesta cidade levava uma vida de oração, práticas de caridade, realizava milagres.

Mesmo perante sofrimentos, após presenciar mortes e brigas entre os filhos, assassinato dos netos ainda em idade juvenil, Clotilde criou forças para servir a Deus em caridade. A rainha dos francos, mesmo com toda sua realeza, tornou-se pobre para servir a Cristo nos necessitados. Após mais de trinta anos de viuvez, morreu aos 71 anos em 545 tentando reconciliar dois de seus filhos.

Santa Clotilde serviu mesmo em meio a tanta dor.

Rogai por nós, rainha dos francos.


Meyre Fráguas Correa Pereira, natural de Timóteo-MG, atua profissionalmente na rede pública do estado de Minas Gerais como professora de História no ensino básico. Licenciou-se em História pelo Centro Universitário de Caratinga-UNEC em 2018 e atualmente é discente do curso de Pedagogia. Atua na PASCOM da Paróquia São Domingos de Gusmão na cidade de São Domingos do Prata-MG, onde é residente. É amante da literatura e estuda a língua latina.